permite-nos tirar conclusões sobre o nosso próprio planeta. Aqui também se inclui o estudo dos planetas secundários, dos asteróides, dos cometas e dos meteoritos, bem como a interacção entre estes corpos, como, por exemplo, a formação de crateras de impacto. Existem diferentes abordagens de investigação baseadas em diferentes áreas do saber, como a Física e a Geologia. A Astrogeologia aplica princípios e métodos geológicos a um plano mais vasto, que inclui o Sistema Solar no seu todo. Tem fornecido muitas informações que põem à prova os modelos sobre o interior da geosfera. A semelhança entre as estruturas geomorfológicas de Marte com as da Terra é um exemplo de como a Astrogeologia permite inferir acerca de processos comuns aos dois planetas, apesar das suas diferenças. O estudo dos meteoritos e dos asteróides reveste-se de uma importância fundamental para o conhecimento da evolução e estudo do interior do nosso planeta, permitindo fazer inferências para os restantes.
A existência de diferentes tipos de meteoritos (pétreos ou
aerólitos, férreos ou sideritos e petroférreos ou siderólitos) pode ser explicada pelo facto de estes serem provenientes de corpos celestes que resultaram de um processo de acreção e diferenciação que terá ocorrido no início da formação do Sistema Solar. Estes corpos diferenciados terão, posteriormente, sido alvo de grandes impactos que os terão destruído. Os fragmentos resultantes derivados do núcleo, do manto ou da crusta terão formado os sideritos, os siderólitos e os aerólitos, respectivamente. A ciência que mede a aceleração da gravidade entre a Terra e uma determinada massa, em diferentes locais da sua superfície, designa-se Gravimetria. A aceleração da gravidade é medida através da utilização de gravímetros. A aceleração da gravidade apresenta uma anomalia negativa (diminiu): - com o aumento da distância relativamente ao centro da Terra; - com a existência de materiais pouco densos no subsolo; - com a existência de espaços vazios no subsolo. A determinação dos valores médios das densidades dos materiais das camadas terestres mais externas indica um valor aproximado de 2,8 g/cm3. Contudo, calculando a densidade média da Terra através de estimações do seu volume e massa, bem como através de processos geofísicos, obtém-se um valor de 5,5 g/cm3, o que significa que devem existir materiais mais densos no interior do planeta A Terra possui um campo magnético natural relativamente forte. A sua origem ainda é desconhecida mas julga-se que o movimento rotacional do núcleo externo causa correntes no material líquido do núcleo externo, as quais, por sua vez, gerarão electricidade que será responsável pela criação e manutenção de linhas de força magnética, tal como se de um electroíman se tratasse.
O campo geomagnético estende-se
para além da atmosfera terrestre, agindo como um escudo contra as emissões de partículas energéticas provenientes do Sol, o vento solar. Certas rochas, como o basalto, são ricas em minerais de ferro, que podem ser indluenciados pelo campo geomagnético. Durante o arrefecimento do magma, esses minerais podem ficar magnetizados instantaneamente assim que a temperatura desce abaixo do ponto de Curie (valor acima do qual um objecto magnetizado perde as suas propriedades magnéticas). Esses minerais ficam magnetizados, apresentando uma polaridade paralela à do campo geomagnético da altura da sua formação e conferindo à rocha onde se encontram uma polaridade idêntica. Mesmo que a polaridade do campo geomagnético mude posteriormente, esses minerais conservam a polaridade do momento da sua formação, a menos que a temperatura suba acima do O campo geomagnético tem mudado periodicamente de polaridade e essas mudanças ficam registadas nas rochas que apresentam minerais de ferro, nomeadamente nos basaltos dos A o nível fundos do rifte marinhos. verifica-se a formação e expansão da crusta oceânica. O magma, ao chegar à superfície, arrefece e solidifica. Os minerais com ferro, ao atingirem a temperature do ponto de Curie, magnetizam-se, adquirindo um polaridade idêntica à do campo geomagnético nesse momento. Este processo repete-se continuamente enquanto o campo geomagnético presente se mantiver com as mesmas características, formando-se uma porção de crusta oceânica que se expande para um lado e para o outro do rifte. Se posteriormente ocorrer uma inversão do campo geomagnético, a crusta oceânica formada durante esse período regista um polaridade inversa da primeira. Assim se vão formando bandas simétricas com polaridade alternadamente normal e inversa. As cahmadas anomalias geomagnéticas positivas verifica-se nas zonas da crusta com polaridade igual à do campo geomagnético actual. As A Terra pode ser considerada como uma gigantesca máquina térmica, tendo, actualmente, como principal fonte de energia térmica a desintegração dos elementos radioactivos presentes nas rochas. Para além desta proveniência, o calor interno ainda resulta do calor primordial produzidodo O calor interno da Terra é o motor da actividade durante nosso aplaneta acreção. e vai-se libertando continuamente através da superfície. O fluxo térmico consiste nesta permanente dissipação do calor interno da Terra, sendo avaliado pela quantidade de energia térmica libertada por unidade de superfície e por unidade de tempo. A energia que é dissipada por fluxo térmico é muito superior à soma da energia dissipada por todos os processos sísmicos, vulcânicos e tectónicos da Terra mas não nos apercebemos dela por causa da baixa condutividade térmica das rochas da crusta terrestre, que determina uma dissipação muito lenta do calor.
Regra geral, as áreas de maior fluxo térmico correspondem às dorsais
Gradiente geotérmico: quantificação do aumento da temperatura com a profundidade (ºC/km). Grau geotérmico: número de metros que é necessário aprofundar para que a temperatura suba de 1 ºC (m/ºC). De um modo geral, a temperatura aumenta com a profundidade apesar de o gradiente geotérmico dominuir com a profundidade. As zonas de maior gradiente geotérmico do interior do nosso planeta correspondem à zona superficial da litosfera e à zona de transição entre o manto e o núcleo externo. Nas zonas em que a temperatura média da Terra ultrapassa a temperatura de fusão dos materiais, existem condições para haver material em estado de fusão (entre os 200-300km e no núcleo externo). Muito do conhecimento do interior da Terra proveio do estudo do comportamento das ondas sísmicas que se propagam através do globo. É através da análise de simogramas e das alterações que a direcção e a velocidade das ondas sísmicas experimentam ao deslocar-se pelo interior do globo que os sismólogos e geofísicos inferem da existência de camadas com diferentes propriedades no interior da Terra. As ondas sísmicas permitem realizar como que uma “ecografia” ou uma “radioscopia” ao interior do planeta. A tomografia sísmica utiliza as propriedades das ondas sísmicas para avaliar a rigidez dos materiais da crusta e manto. Quanto maior a velocidade das ondas sísmicas, mais frio e, portanto, mais rígido se encontra o material. Por outro lado, quanto menor for a velocidade de propagação das ondas sísmicas, mais quente e, portanto menos rígido se encontra o material. Isto permite verificar que existem placas em zonas de subducção que mergulham até perto a fronteira manto-núcleo externo.