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Acções para Reduzir a

Mortalidade Materna
em Africa

Fevereiro 26 – 28, 2008


Namahacha , Mocambique
Toda a mulher grávida tem um pé no
túmulo —um velho adágio Africano
 Isto era verdadeiro no tempo da minha avó.
 Continua a ser verdadeiro hoje.
 Mas será que isto deve ser assim em pleno
século 21, quando existem os
conhecimentos científicos e as tecnologias
para oferecer serviços de Saúde Reprductiva
completos e de qualidade, incluindo o aborto
seguro?
 Como e quão cedo devemos trabalhar para
melhorar esta situação?
2
O problema - Aborto inseguro
• Todos os anos, milhares de mulheres morrem
no nosso continente porque não têm acesso
aos serviços de aborto seguro
• Isto é principalmente devido a ;
• Falta de acesso aos meio anticonceptivos eficazes –
a taxa média de prvalência de anticonceptivos em
África é menos de 15%!!!
• Estigma e Silêncio a volta do aborto-mesmo entre os
profissionais de saúde
• Desigualdade do gênero –as mulheres não têm voz
em relação a sua Saúde Reproductiva

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O problema - Aborto inseguro

• Ignorância entre os Fazedores


de políticas, Legisladores,
Professionais de saúde,
Comunidades e
a própria Mulher

– Qual é afinal o significado das


leis?
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O problema - Aborto inseguro
• Hipocrisia, Fundamentalismo , Religião
e Dogma.

• Políticas Superpoderosas– USA negou


as mulheres Africanas o que as
mulheres Americanas têm como direito.

• Leis coloniais primitivas e arcaicas que


datam do século 19!
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O que é Aborto Inseguro?
Anualmente 46 milhões de gravidezes acabam
em aborto induzido.

Calcula-se que cerca de 19 milhões sejam


abortos inseguros:
• Feitas por pessoal não qualificado
• Em más condições de higiene
• Ou ambas

4.2 milhões de mulheres Africanas fazem um


aborto inseguro todos os anos.
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Alguma estatística básica
 240 milhões de gravidezes

60 milhões de gravidezes
precoces perdidas

42 milhões de abortos

3 milhões de nados mortos

135 milhões de nados vivos


WHO/Chris de Bode
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ABORTO INSEGURO

A OMS define aborto inseguro como


sendo o procedimento, para
terminar uma gravidez não
desejada, feito quer por pessoas
sem treino para tal ou em locais
que não tenham as condições
sanitárias mínimas para tal, ou
ambos. (Fonte:OMS, 1992)

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Onde o aborto seguro não está disponível,
as mulheres recorrem
ao aborto inseguro.
 Métodos usados no Aborto
Inseguro:

 Ingestão de ervas, lixívia, gasolina,


pólvora, café, medicamentos e
outros

 Insersão vaginal de instrumentos


cortantes, raízes, folhas de plantas,
comprimidos (permanganto de
potássio)
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 Outros métodos
Impacto Global do Aborto Inseguro

 200 mortes dia em todo o mundo


 99.9% das complicações e mortes acontecem
no mundo em desenvolvimento; cerca de 44%
da MM global devida ao aborto acontece em
Africa – cerca de 90 mulheres africanas morrem
por dia
 Estas percentagens podem ser mais altas em
algumas regiões e países; nalguns países
africanos atinge os 50%
Estas mortes são desnecessárias. O aborto seguro é
um dos procedimentos médicos mais seguros no
mundo.
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Estimativa anual do número de abortos
inseguros (2003) Total = 19.7 milhões

America
Africa Latina
5.5 milhões e
Caribe
3.9 milhões

Europa
0.5 milhões

Asia
9.8 milhões

11
Mortes devidas ao Aborto Inseguro
(2003)
N = 66,500
Asia
Países
28,400
Devesenvolvidos
< 60

América Latina
e
Caribe
2,000 Africa
36,000

(Fonte: OMS, 2007)


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Taxas de Aborto …

Região Taxa Seguro Inseguro

África 29 <0,5 29

Ásia 29 18 11

Europa 28 25 3

América Latina 31 1 29

América do Norte 21 21 0,5

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Mortes Maternas por 100,000
nados vivos

0 200 400 600 800 1000

Africa

Asia

America Latina e Caribbean

Europa

America

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Fonte : Population Reference Bureau, 2001


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Que mulheres morrem devido ao Aborto
Inseguro?
70,000
60,000 66,500

50,000 N umber of Deaths


40,000

30,000
20,000
10,000
60
0
More Developed Less Developed
Regions Regions

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Risco de Morte por Aborto Inseguro

 Africa 1 em 16
 Asia 1 em 65
 America Latina 1 em 130
/Caribe
 Europa 1 em 1,400
 America do Norte 1 em 3,700
16
Porque é que as mulheres
recorrem ao aborto?
As mulheres podem não As mulheres podem não
querer estar grávidas querer ter um filho porque:
porque:  A gravidez pode não ser
 Razões pessoais apoiada pelo parceiro,
 Razões de saúde família ou pela comunidade
 Razões Socio  A gravidez pode ser uma
-económicas ameaç a saúde ou a
 Razões culturais sobrevivência da mulher
 Relações  O feto pode ter anomalias
 A vontade de não
querer ter mais filhos Fonte: OMS, Aborto Seguro:
ou espaçamento Orientação técnica e política para
sistemas de saúde (2003) 17
Consequências do Aborto Inseguro
Para além da morte, o Aborto
Inseguro pode levar a:

 Doença e lesão significantes a curto


e longo prazo na mulher
Infertilidade (muito séria em
Africa!!)
Custos altos no tratamento das
complicações
 Impactos negativos na mulher,
famílias, crianças e comunidade
Maior probabilidade de morte entre
as crianças cujas mães morreram

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Custo para os sistemas de saúde
 Nalguns países mais de 50% dos
orçamentos dos hospitais (Ob/gyn) são
gastos no tratamento de complicações
devidas ao aborto inseguro

 Um estudo feito na Africa do Sul (1997)


estimou que os custos nacionais para o
tratamento das complicações do aborto é
cerca de $1.274 milhões
19
Custo para os sistemas de saúde

 Um estudo na Nigeria (2005) estimou que


os custos nacionais para o tratamento das
complicações do aborto é cerca de $19
million

 Um estudo feito em Mocambique revelou

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Situação Legal e Procura de Aborto
A restrição legal do aborto não reduz
necessariamente o número de abortos que
acontecem num país.

 Leva simplesmente a que eles sejam feitos as


escondidas e de forma insegura e as mulheres
que recorrem a estes serviços pagam muito caro
por eles, incluindo arriscar a sua própria vida!

 Onde o aborto é legal e existem serviços


seguros, a morte e a incapacidade devidas ao
aborto estão consideravelmente reduzidas
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Aborto e a Lei

Ainda nenhuma lei restrictiva


conseguiu impedir a mulher de
procurar alguém para lhe
interromper a gravidez – a
morte é maior onde as leis são
restrictivas

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Reformas legais salvam a vida das
mulheres
Experiência da Romenia
180

160

140

120

100 Abortion MMR


Non-Abortion MMR
80 MMR

60

40

20

0
'65 '80 '81 '82 '83 '84 '85 '86 '87 '88 '89 '90 '91 '92 '93 '94 '95 '96 '97

Oct 1966-December 1989 Abortion Restricted; Legalized Dec ’89


23
Source: Center for Health Statistics and Information, Ministry of Health, Romania, 1998
Progressos com as Reformas Legais
 Nas últimas duas décadas, 17 países no mundo
fizeram uma revisão às suas leis por forma a
torná-las menos restrictivas.

Quando isto é acompanhado por uma


expansão de serviços seguros, tal como
aconteceu na Africa do Sul, a legalização do
aborto reduz consideravelmente as
complicações e mortes devidas ao aborto.

 Na Africa do Sul a Lei mudou desde 1997 e as


mortes relacionadas com o aborto reduziram
em 91%
24
Aborto inseguro: crise de
Saúde Pública

O aborto inseguro tem relação com


outros problemas críticos, incluindo
HIV/SIDA

25
Aborto inseguro: um assunto de
Justiça Social
 Obrigar a mulher a manter uma gravidez
indesejada o que pode levar a que ela
recorra ao aborto inseguro são violacões
dos direitos humanos

 Disparidade social e económica: o aborto


inseguro afecta desporporcionalmente as
mulheres pobres

26
Investigação sobre o Aborto em
Moçambique
 Estudos analisando a mortalidade
materna no Hospital Central de
Maputo (HCM) 1990 – 1999:

 540 mortes maternas (11%) foram


relacionados com o aborto (esta %
pode ser só a ponta do iceberg. Muitas
são aquelas que acontecem em casa
ou não são registadas como tal

 Faixa etária média foi de 23 anos


27
Investigação sobre o aborto em
Moçambique
 63% baixo nível de escolaridade

 75% solteiras

 29% provenientes de áreas suburbanas

 88% baixo nível sócio económico

28
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
do HCM
(2 estudos independentes Bugalho /F.Machungo
 1 em cada 30 mulheres que se
submeteram a um aborto inseguro
morreu.

 Nenhuma mulher que se submeteu a um


aborto seguro no hospital morreu.

 A maioria das mulheres que recorrem a


abortos inseguros têm conhecimento
menor a respeito dos métodos
anticonceptivos e os utilizam menos.
29
Um dos muitos casos que chegaram ao
HGJM

30
Um dos muitos casos que chegaram ao
HGJM

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Situação legal sobre o aborto
 Virtualmente todos os países DEVIAM oferecer
serviços de aborto seguro
 Quase todos os países no mundo permitem algum
espaço para o aborto
 Para salvar a vida das mulheres – quase todos
 Para preservar a saúde física e mental 60% dos
países
 Em caso de vilolação, incesto e anomalias fetais –
cerca de 40%
Contudo, estas leis não são bem entendidas, interpretadas
consitentemente ou postas em prática

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Leis em prática

 Muitas mulheres não podem exercer o


seu direito ao aborto seguro:

 Sistemas de saúde – falta de pessoal


treinado, equipamento e recursos
 Questões políticas – barreiras
administrativas, judiciais e
regulamentação
Onde não existem serviços de aborto seguro, as mulheres
recorrem ao aborto inseguro normalmente fora das
unidades sanitárias. 33
Leis em prática

 Muitas mulheres não podem exercer o


seu direito ao aborto seguro:

 Falta de informação – os provedores, as


mulheres e comunidades não conhecem a
legislação – falta de divulgação

 Custos – geralmente altos

 Atitudes sociais– religião, estigma e cultura


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Como é que os Serviços de Aborto
Seguro podem ser aumentados
 Os fazedores de políticas devem:
 Clarificar os aspectos legais sobre oferta
de aborto seguro
 Remover as barreiras administrativas e de
regulamentação

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Como é que os Serviços de Aborto
Seguro podem ser aumentados
 Os fazedores de políticas devem:

 Definir
ou melhorar as normas e
padrões nacionais de atendimento

 Alargara definição dos provedores que


podem oferecer serviços de aborto
seguro

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Leis sobre o Aborto em Africa

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O preco que se paga
É bastante alto
As perdas de vida não são mensuráveis em
dinheiro mais são obviamente muito altas

 Perdas humanas
 Milhões de meticais com o tratamento das
complicações
 Filhos que ficam sem a mãe
 Pais que perdem as filhas
 Productividade
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Aborto inseguro: matéria de
vontade política

“AS MULHERES NÃO ESTÃO A MORRER DE


DOENÇAS QUE NÃO POSSAMOS
TRATAR. ELAS ESTÃO SIM A MORRER
PORQUE A SOCIEDADE AINDA ESTÁ POR
TOMAR A DECISÃO DE QUE VALE A PENA
SALVAR AS SUAS VIDAS.”

-- Dr. Mahmoud Fathalla

39
MUITO OBRIGADO PELA
ATENÇÃO DISPENSADA

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