Antecedentes Históricos – As cidades Coloniais • Sistema Monarquista; • Economia predominantemente extrativista; • Dependência exagerada do mercado e do capital internacional; • O processo de geração de cidades se dava pela formação de arquipélagos de ilhas regionais desconectadas; • Estas “ilhas” eram formadas por subespaços que evoluíam segundo uma lógica própria ditada, sobretudo pelas suas relações de dependência com o mundo exterior; • Em cada uma destas ilhas havia a formação de pólos dinâmicos internos, mas não havia o estabelecimento de uma relação entre as diversas ilhas; • Estas ilhas acontecem ao longo do litoral; O Rio de Janeiro em 1808 Antecedentes Históricos – As cidades Coloniais • Não havia ainda nenhum indício de relações interurbanas. As cidades funcionam como ponto de apoio para o reconhecimento do território ainda inóspito e à mercantilização de produtos e à permuta, além de funcionar como ponto importante de defesa do território; • A vida urbana da cidade colonial é intermitente funcionando como lugar de troca e não de produção. A cidade vai cair no abandono na medida em que se observa um afluxo dos “Senhores de Terras” em direção ao interior; • Somente a partir do séc. XVIII os Senhores de Terras passam a ter sua residência principal em torno dos aglomerados urbanos e só vão à fazenda em ocasiões especiais, como para a colheita ou para comandarem grandes transformações ou expansões; Crescimento Generalizado das Cidades Brasileiras a partir do Séc XIX • Novas condições de comércio com a abertura dos portos às nações amigas. Fim do pacto colonial e integração do Brasil no mercado mundial gerando enorme impacto sobre as cidades litorâneas;
• Chegada da Família Real no Brasil em 1808 gerando
impacto, sobretudo no Rio de Janeiro;
• Crescimento da economia Cafeeira, gerando impacto nas
Regiões Sul e Sudeste;
• Declaração de Independência do Brasil em 1822;
O Rio de Janeiro no séc. XIX • Grande crescimento a partir de 1808 com a vinda da família real portuguesa, quando o Rio passa a ser a sede do governo Português; • Coma abertura dos portos à nações amigas, o Rio passa a desempenhar um importante papel de entreposto comercial nas rotas marítimas internacionais; • Em 1815 o Brasil deixa de ser uma colônia para se tornar Reino Unido à Portugal e Algarves, reforçando bastante a função político- administrativa do Rio de Janeiro; • Em 1807 o Rio possuía cerca de 50.000 Hab. sendo metade deste contingente formado por escravos. Com a chegada da Corte desembarcam no Rio mais 10.000; • Entre 1808 e 1818 são construídos cerca de 600 sobrados na área urbana e 150 chácaras nos arredores da cidade; • O crescimento da cidade se dá através do crescimento das chácaras como residências permanentes e também pelo desmembramento das freguesias rurais como Laranjeiras e Botafogo; O Rio de Janeiro no séc. XIX • Introdução do estilo Neoclássico na arquitetura do Rio através da missão Francesa (Montigny); • Implantação do sistema regular de transporte: bondes puxados a burro e trens a vapor; • Construção do primeiro esgoto no centro (1848); • Surgimento da iluminação à gás e inauguração de uma fábrica de gás (1851); • Obras de saneamento como a abertura do Canal do Mangue, calçamento das ruas com paralelepípedos, reforma do Passeio Público; • Como crescimento da produção e exportação do café há a criação de um novo porto em 1876, na Saúde (Companhia Docas D. Pedro II) e construção de ferrovias, inclusive a estrada de ferro D. Pedro II, ligando as fazendas do interior do estado, de Minas e de São Paulo como novo porto no Rio de Janeiro; A Cultura Cafeeira – 1825 a 1875
• Introduzido no Brasil no começo do séc. XVIII sendo cultivado até
então apenas para consumo local; • Sua importância comercial cresce no fim do séc. XVIII com a alta dos preços devido à desorganização do maior produtor, a colônia Francesa do Haiti; • Inicialmente a cultura se fixa na região montanhosa do Rio de Janeiro depois se expande pela região sul de Minas, São Paulo e Zona da Mata; • Organização da produção com base no trabalho escravo; • Utilização da mão-de-obra proveniente das regiões de mineração; • Na primeira fase entre 1825 e 1840 há uma retração nos preços devido a uma expansão dos mercados Asiáticos e Americanos; • A partir de 1845 até 1875 há uma recuperação dos preços no mercado internacional; • Recuperação de preços gera pressão de transferência de mão-de-obra do norte para o sul; As Cidades Ligadas à economia Cafeeira
• No séc. XIX surgem diversas cidades em São
Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além do grande crescimento de outras; • Características das novas cidades: regularidade de traçado (malha ortogonal), presença da praça central dominada pela igreja matriz. Esta imagem tornou-se a imagem típica de muitas cidades do interior brasileiro; • Surgimento de várias cidades importantes como: Teresina (1851), Aracaju (1855) e Belo Horizonte (1897); A Abolição da Escravatura (1888) • Aumento do processo de migração; • Entre 1840 e 1890 a população da cidade pulou de 200.000 para 500.000 hab.; • A população pobre passa a habitar alojamentos coletivos e cortiços nas áreas centrais. Passam também a morar nas encostas formando as primeiras favelas (soldados veteranos da Guerra do Paraguai ocuparam o morro da providência, que mais tarde foi engrossado pelos veteranos que retornavam da guerra de Canudos e introduziram o vocábulo Favela); • Formação de grandes contingentes de força de trabalho para as indústrias; • Decadência da monocultura do café e início do processo de industrialização dos engenhos de açúcar da baixada e das fazendas de café do Vale do Paraíba; A Proclamação da República (1889) - A Cidade Republicana
• O Rio de Janeiro se torna a Capital Federal
• Até o final do séc. XIX o centro do Rio tem uma aparência de cidade colonial; • Tem sua Herança no positivismo e no higienismo; • Observância de novos modelos de produção decorrentes da Rev. Industrial; • Aparecimento de novas tecnologias infraesruturais; • Representação simbólica da “modernidade”; • Aparecimento de novas formas de representação políticas; Fases do Urbanismo no Brasil – Segundo Flávio Villaça • 1ª fase – planos de embelezamento (1875 – 1930)
• 2ª fase – planos de conjunto (1930 – 1965)
• 3ª fase – planos de desenvolvimento integrado
(1965 – 1971)
• 4ª fase – planos sem mapas (1971 – 1992)
1ª fase – planos de embelezamento O planejamento urbano brasileiro surgiu sob a égide dos planos de embelezamento. Eram planos que provinham da tradição européia, principalmente, e consistiam basicamente no alargamento de vias, erradicação de ocupações de baixa renda nas áreas mais centrais, implementação de infra-estrutura, especialmente de saneamento, e ajardinamento de parques e praças. Há também a criação de uma proto-legislação urbanística nesses planos, bem como a reforma e reurbanização das áreas portuárias. Além disso, geralmente se limitavam a intervenções pontuais em áreas específicas, na maioria das vezes o Centro da cidade. Grande parte desses planos previam abertura de novas avenidas, conectando partes importantes da cidade, geralmente tendo como consquência imediata a destruição de áreas consideradas insalubres, compostas pelos chamados “cortiços”. Os planos desta primeira fase eram amplamente discutidos e implementados com bastante frequencia. Isso se dava pelo caráter dominador das classes dominantes que podiam impor as soluções sem mascará-las. As Reformas de Pereira Passos (1902 – 1906) • Modernização da cidade; • Adequação do espaço urbano às necessidades simbólicas e econômicas da capital do país; • Transferência e modernização do porto; • Abertura de grandes avenidas que facilitassem a circulação urbana e embelezassem a cidade; • Saneamento da cidade: canalização dos rios, recolhimento do lixo urbano e erradicação da febre amarela (Oswaldo Cruz); Conseqüências da reforma Pereira Passos • Acirramento das contradições urbanas já existentes, especialmente a estratificação social do espaço; • Destruição de casas e cortiços levando à intensificação da ocupação dos morros na área central; • Influência negativa das reformas sobre o Rio dos pobres; • Investimento concentrado no centro e na zona sul, enquanto os subúrbios se adensavam com pouco ou nenhum melhoramento. Mesmo bairros menos adensados como Copacabana e Ipanema recebiam infraestrutura; O Plano Agache
• Contratação do arquiteto Francês Alfredo Agache
pelo Prefeito Carlos Sampaio, no final da década de 20 para realizar plano de urbanização no Rio; • Estratificação organizada do espaço; • Embelezamento das zonas centro e sul; • Erradicação de favelas e oferecimento de habitações higiênicas para o operariado em áreas mais afastadas; • Novo sistema de transporte; • Novas obras de saneamento; O Plano de Belo Horizonte • Paris é o grande modelo; • Modernização das cidades que engloba o higienismo e o embelezamento; • Belo Horizonte 1894 – 1897 – “ A liberdade no presente, a fé no futuro e o respeito pelo passado” além das noções positivistas de “progresso, verdade e justiça”; • O auge simbólico do séc. XIX: cosmopolismo, difusão de novas idéias, formas e produtos industriais; • A linha férrea assumia um papel preponderante e a Estação Ferroviária seria o pórtico de entrada para a grandeza da capital; • Importância do ferro e de seus derivados. Possibilidade de manutenção do decorativismo nas peças pré-fabricadas com a afirmação da arquitetura metálica como estilo, além da facilidade de importação, transporte e desmontagem; • O uso do ferro traz a associação entre o arquiteto e o engenheiro, do “belo e útil”. Esta associação responde ao mito fundador da nova capital: “O encontro da história e da modernidade”; A Conjuntura da Nova Capital • A conjuntura política da nova capital recusa as antigas capitais como Ouro Preto e o Rio de Janeiro, mas está atenta à exaustão do ciclo da mineração e ao crescimento dos novos ciclos econômicos como o do café e da industria têxtil;
• A fundamentação higienista exige que sejam feitos levantamentos
minuciosos com relação à paisagem, território, condições de salubridade, visibilidade e comunicação, riquezas agrícolas, existência de materiais de construção na região, etc.;
• São realizados inúmeros gráficos e tabelas meteorológicas, análise
das águas, terrenos, madeiras, e levantamento de várzeas, além de eletricidade, esgotamento sanitário, abastecimento de água e transportes urbanos; A Planta da Nova Capital • A planta de BH possuía um caráter rígido em prol dos códigos racionalistas e da regularidade geométrica, próprios da época, que recusa as ruas estreitas e tortuosas, além da crença no domínio da natureza pelo homem; • Composta por três Zonas: urbana, suburbana e rural; • O xadrez mais regular concentra-se na zona urbana. A geometria proposta associa dois reticulados superpostos: quadriculas ortogonais e diagonais, inscritas numa regularidade global; • Edifícios públicos nos cruzamentos e praças visando “efeitos de visibilidade”; • Setorização de equipamentos coletivos: escolas, hospitais, estação ferroviária, matadouro, cemitério, estação de tratamento de água; • Criação de novo pólo para as diversas regiões do estado, gerando uma reorganização da economia; • Criação de um pólo de modernidade; • Pouca consideração pela morfologia do sítio natural; A Planta da Nova Capital • Zona urbana pouco ocupada versus ocupação desordenada na periferia próximo à avenida do Contorno;
• Em 1909 o governo transfere para o Barro Preto população operária de
1000 hab. que viviam em cerca de 600 barracos no córrego do Leitão e 300 num lugar já denominado “Favela”
• Implantação da Fazenda Experimental da Gameleira para pesquisa
agrícola;
• Compra de todas as áreas dos mananciais que abasteciam a região;
• O crescimento da cidade ocorre, inicialmente, das periferias para o centro,
em razão do controle do estado sobre a área central dentro do perímetro da Av. Do Contorno e, posteriormente, pela especulação imobiliária;