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TEORIAS URBANAS

AULA 05 - As Cidades Brasileiras do SÉC. XIX –


A Cidade Republicana – Do séc XIX até 1930

Prof. Christiano Ottoni


Antecedentes Históricos – As cidades Coloniais
• Sistema Monarquista;
• Economia predominantemente extrativista;
• Dependência exagerada do mercado e do capital
internacional;
• O processo de geração de cidades se dava pela formação de
arquipélagos de ilhas regionais desconectadas;
• Estas “ilhas” eram formadas por subespaços que evoluíam
segundo uma lógica própria ditada, sobretudo pelas suas
relações de dependência com o mundo exterior;
• Em cada uma destas ilhas havia a formação de pólos
dinâmicos internos, mas não havia o estabelecimento de uma
relação entre as diversas ilhas;
• Estas ilhas acontecem ao longo do litoral;
O Rio de Janeiro em 1808
Antecedentes Históricos – As cidades Coloniais
• Não havia ainda nenhum indício de relações interurbanas.
As cidades funcionam como ponto de apoio para o
reconhecimento do território ainda inóspito e à
mercantilização de produtos e à permuta, além de funcionar
como ponto importante de defesa do território;
• A vida urbana da cidade colonial é intermitente funcionando
como lugar de troca e não de produção. A cidade vai cair no
abandono na medida em que se observa um afluxo dos
“Senhores de Terras” em direção ao interior;
• Somente a partir do séc. XVIII os Senhores de Terras passam
a ter sua residência principal em torno dos aglomerados
urbanos e só vão à fazenda em ocasiões especiais, como para
a colheita ou para comandarem grandes transformações ou
expansões;
Crescimento Generalizado das Cidades
Brasileiras a partir do Séc XIX
• Novas condições de comércio com a abertura dos portos às
nações amigas. Fim do pacto colonial e integração do Brasil
no mercado mundial gerando enorme impacto sobre as
cidades litorâneas;

• Chegada da Família Real no Brasil em 1808 gerando


impacto, sobretudo no Rio de Janeiro;

• Crescimento da economia Cafeeira, gerando impacto nas


Regiões Sul e Sudeste;

• Declaração de Independência do Brasil em 1822;


O Rio de Janeiro no séc. XIX
• Grande crescimento a partir de 1808 com a vinda da família real
portuguesa, quando o Rio passa a ser a sede do governo Português;
• Coma abertura dos portos à nações amigas, o Rio passa a desempenhar
um importante papel de entreposto comercial nas rotas marítimas
internacionais;
• Em 1815 o Brasil deixa de ser uma colônia para se tornar Reino Unido à
Portugal e Algarves, reforçando bastante a função político-
administrativa do Rio de Janeiro;
• Em 1807 o Rio possuía cerca de 50.000 Hab. sendo metade deste
contingente formado por escravos. Com a chegada da Corte
desembarcam no Rio mais 10.000;
• Entre 1808 e 1818 são construídos cerca de 600 sobrados na área
urbana e 150 chácaras nos arredores da cidade;
• O crescimento da cidade se dá através do crescimento das chácaras
como residências permanentes e também pelo desmembramento das
freguesias rurais como Laranjeiras e Botafogo;
O Rio de Janeiro no séc. XIX
• Introdução do estilo Neoclássico na arquitetura do Rio através da
missão Francesa (Montigny);
• Implantação do sistema regular de transporte: bondes puxados a
burro e trens a vapor;
• Construção do primeiro esgoto no centro (1848);
• Surgimento da iluminação à gás e inauguração de uma fábrica de
gás (1851);
• Obras de saneamento como a abertura do Canal do Mangue,
calçamento das ruas com paralelepípedos, reforma do Passeio
Público;
• Como crescimento da produção e exportação do café há a criação
de um novo porto em 1876, na Saúde (Companhia Docas D.
Pedro II) e construção de ferrovias, inclusive a estrada de ferro
D. Pedro II, ligando as fazendas do interior do estado, de Minas e
de São Paulo como novo porto no Rio de Janeiro;
A Cultura Cafeeira – 1825 a 1875

• Introduzido no Brasil no começo do séc. XVIII sendo cultivado até


então apenas para consumo local;
• Sua importância comercial cresce no fim do séc. XVIII com a alta dos
preços devido à desorganização do maior produtor, a colônia Francesa
do Haiti;
• Inicialmente a cultura se fixa na região montanhosa do Rio de Janeiro
depois se expande pela região sul de Minas, São Paulo e Zona da Mata;
• Organização da produção com base no trabalho escravo;
• Utilização da mão-de-obra proveniente das regiões de mineração;
• Na primeira fase entre 1825 e 1840 há uma retração nos preços devido
a uma expansão dos mercados Asiáticos e Americanos;
• A partir de 1845 até 1875 há uma recuperação dos preços no mercado
internacional;
• Recuperação de preços gera pressão de transferência de mão-de-obra
do norte para o sul;
As Cidades Ligadas à economia Cafeeira

• No séc. XIX surgem diversas cidades em São


Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro,
além do grande crescimento de outras;
• Características das novas cidades: regularidade de
traçado (malha ortogonal), presença da praça
central dominada pela igreja matriz. Esta imagem
tornou-se a imagem típica de muitas cidades do
interior brasileiro;
• Surgimento de várias cidades importantes como:
Teresina (1851), Aracaju (1855) e Belo Horizonte
(1897);
A Abolição da Escravatura (1888)
• Aumento do processo de migração;
• Entre 1840 e 1890 a população da cidade pulou de 200.000
para 500.000 hab.;
• A população pobre passa a habitar alojamentos coletivos e
cortiços nas áreas centrais. Passam também a morar nas
encostas formando as primeiras favelas (soldados veteranos da
Guerra do Paraguai ocuparam o morro da providência, que
mais tarde foi engrossado pelos veteranos que retornavam da
guerra de Canudos e introduziram o vocábulo Favela);
• Formação de grandes contingentes de força de trabalho para as
indústrias;
• Decadência da monocultura do café e início do processo de
industrialização dos engenhos de açúcar da baixada e das
fazendas de café do Vale do Paraíba;
A Proclamação da República (1889) - A Cidade Republicana

• O Rio de Janeiro se torna a Capital Federal


• Até o final do séc. XIX o centro do Rio tem uma
aparência de cidade colonial;
• Tem sua Herança no positivismo e no higienismo;
• Observância de novos modelos de produção
decorrentes da Rev. Industrial;
• Aparecimento de novas tecnologias infraesruturais;
• Representação simbólica da “modernidade”;
• Aparecimento de novas formas de representação
políticas;
Fases do Urbanismo no Brasil – Segundo Flávio
Villaça
• 1ª fase – planos de embelezamento (1875 –
1930)

• 2ª fase – planos de conjunto (1930 – 1965)

• 3ª fase – planos de desenvolvimento integrado


(1965 – 1971)

• 4ª fase – planos sem mapas (1971 – 1992)


1ª fase – planos de embelezamento
O planejamento urbano brasileiro surgiu sob a égide dos planos de
embelezamento. Eram planos que provinham da tradição européia,
principalmente, e consistiam basicamente no alargamento de vias,
erradicação de ocupações de baixa renda nas áreas mais centrais,
implementação de infra-estrutura, especialmente de saneamento, e
ajardinamento de parques e praças.
Há também a criação de uma proto-legislação urbanística nesses planos, bem
como a reforma e reurbanização das áreas portuárias. Além disso,
geralmente se limitavam a intervenções pontuais em áreas específicas, na
maioria das vezes o Centro da cidade.
Grande parte desses planos previam abertura de novas avenidas, conectando
partes importantes da cidade, geralmente tendo como consquência
imediata a destruição de áreas consideradas insalubres, compostas pelos
chamados “cortiços”.
Os planos desta primeira fase eram amplamente discutidos e implementados
com bastante frequencia. Isso se dava pelo caráter dominador das classes
dominantes que podiam impor as soluções sem mascará-las.
As Reformas de Pereira Passos (1902 – 1906)
• Modernização da cidade;
• Adequação do espaço urbano às necessidades
simbólicas e econômicas da capital do país;
• Transferência e modernização do porto;
• Abertura de grandes avenidas que facilitassem
a circulação urbana e embelezassem a cidade;
• Saneamento da cidade: canalização dos rios,
recolhimento do lixo urbano e erradicação da
febre amarela (Oswaldo Cruz);
Conseqüências da reforma Pereira Passos
• Acirramento das contradições urbanas já existentes,
especialmente a estratificação social do espaço;
• Destruição de casas e cortiços levando à
intensificação da ocupação dos morros na área
central;
• Influência negativa das reformas sobre o Rio dos
pobres;
• Investimento concentrado no centro e na zona sul,
enquanto os subúrbios se adensavam com pouco ou
nenhum melhoramento. Mesmo bairros menos
adensados como Copacabana e Ipanema recebiam
infraestrutura;
O Plano Agache

• Contratação do arquiteto Francês Alfredo Agache


pelo Prefeito Carlos Sampaio, no final da década de
20 para realizar plano de urbanização no Rio;
• Estratificação organizada do espaço;
• Embelezamento das zonas centro e sul;
• Erradicação de favelas e oferecimento de habitações
higiênicas para o operariado em áreas mais
afastadas;
• Novo sistema de transporte;
• Novas obras de saneamento;
O Plano de Belo Horizonte
• Paris é o grande modelo;
• Modernização das cidades que engloba o higienismo e o embelezamento;
• Belo Horizonte 1894 – 1897 – “ A liberdade no presente, a fé no futuro e o
respeito pelo passado” além das noções positivistas de “progresso, verdade
e justiça”;
• O auge simbólico do séc. XIX: cosmopolismo, difusão de novas idéias,
formas e produtos industriais;
• A linha férrea assumia um papel preponderante e a Estação Ferroviária
seria o pórtico de entrada para a grandeza da capital;
• Importância do ferro e de seus derivados. Possibilidade de manutenção do
decorativismo nas peças pré-fabricadas com a afirmação da arquitetura
metálica como estilo, além da facilidade de importação, transporte e
desmontagem;
• O uso do ferro traz a associação entre o arquiteto e o engenheiro, do “belo e
útil”. Esta associação responde ao mito fundador da nova capital: “O
encontro da história e da modernidade”;
A Conjuntura da Nova Capital
• A conjuntura política da nova capital recusa as antigas capitais
como Ouro Preto e o Rio de Janeiro, mas está atenta à exaustão do
ciclo da mineração e ao crescimento dos novos ciclos econômicos
como o do café e da industria têxtil;

• A fundamentação higienista exige que sejam feitos levantamentos


minuciosos com relação à paisagem, território, condições de
salubridade, visibilidade e comunicação, riquezas agrícolas,
existência de materiais de construção na região, etc.;

• São realizados inúmeros gráficos e tabelas meteorológicas, análise


das águas, terrenos, madeiras, e levantamento de várzeas, além de
eletricidade, esgotamento sanitário, abastecimento de água e
transportes urbanos;
A Planta da Nova Capital
• A planta de BH possuía um caráter rígido em prol dos códigos racionalistas
e da regularidade geométrica, próprios da época, que recusa as ruas
estreitas e tortuosas, além da crença no domínio da natureza pelo homem;
• Composta por três Zonas: urbana, suburbana e rural;
• O xadrez mais regular concentra-se na zona urbana. A geometria proposta
associa dois reticulados superpostos: quadriculas ortogonais e diagonais,
inscritas numa regularidade global;
• Edifícios públicos nos cruzamentos e praças visando “efeitos de
visibilidade”;
• Setorização de equipamentos coletivos: escolas, hospitais, estação
ferroviária, matadouro, cemitério, estação de tratamento de água;
• Criação de novo pólo para as diversas regiões do estado, gerando uma
reorganização da economia;
• Criação de um pólo de modernidade;
• Pouca consideração pela morfologia do sítio natural;
A Planta da Nova Capital
• Zona urbana pouco ocupada versus ocupação desordenada na periferia
próximo à avenida do Contorno;

• Em 1909 o governo transfere para o Barro Preto população operária de


1000 hab. que viviam em cerca de 600 barracos no córrego do Leitão e
300 num lugar já denominado “Favela”

• Implantação da Fazenda Experimental da Gameleira para pesquisa


agrícola;

• Compra de todas as áreas dos mananciais que abasteciam a região;

• O crescimento da cidade ocorre, inicialmente, das periferias para o centro,


em razão do controle do estado sobre a área central dentro do perímetro
da Av. Do Contorno e, posteriormente, pela especulação imobiliária;

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