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VARIEDADES LINGUÍSTICAS

E REGISTRO
Considere os textos abaixo:

Gênero Letreiro
Gênero Piada
Gênero Anúncio Publicitário
Gênero Charge
Gênero Notícia (atual)
Gênero Charge
Gênero Notícia
(1926)
Gênero Procuração
Gênero Charge
Gênero Depoimento do Orkut
Gênero Carta do leitor
Gênero Tirinha
Vamos pensar um
pouco sobre os textos...

1) A partir dos textos, é possível dizer


que a Língua Portuguesa possui uma
só forma? Por que?
2) É possível falar de “certo” e “errado”
nesses textos? Por que?
3) Em termos de língua, que diferenças
vocês percebem entre os textos?
4) Essas diferenças são propositais ou
não?
O que é variedade
linguística?
O nosso idioma – aquele produto (código) que compartilhamos
com todos os brasileiros, portugueses, angolanos, chineses (já
que o português é falado em vários países) – não possui uma
única forma de ser falado. Na verdade, como vocês observaram
nos textos, existem várias formas de se dizer a mesma coisa em
nosso idioma. Por exemplo, um senhor de 60 anos irá
cumprimentar uma pessoa da seguinte forma: “Boa tarde,
como está?”, um adolescente irá cumprimentar assim: “Kolé,
beleza?”. Embora ambos utilizem recursos linguísticos
diferentes, no fundo querem dizer a mesma coisa: “Oi, tudo
bem?”. Isso ocorre devido as variedades linguísticas que nosso
idioma (e todos os demais falados no mundo) possuem.
Essa variação (mudança) ocorre nos diferentes níveis da língua: no nível
fonológico (pronúncia), no nível morfológico (palavras), no nível
sintático (frase), no nível semântico (significado) e no nível pragmático
(sentido).
Exemplo:

Na fala do personagem da charge acima, percebemos que a variedade


linguística ocorreu nos níveis fonológico (a maneira de falar caipira do
personagem), morfológico (as palavras que ele usou, por ex. “dotô”) e
sintático (como ele organizou a frase “vai fazê uma falta danada pra nóis”)
O que faz a língua
mudar de forma?
Existem 4 elementos que permitem variar um
determinado idioma:

1) Região geográfica em que a língua é falada;


2) Momento histórico (tempo) em que a língua é falada;
3) Pessoa (ou grupo de pessoas) que fala a língua;
4) Situação de comunicação e gênero em que a língua é
falada;
Elementos que variam a língua:

Língua

Variedades
linguísticas

Situação de
Região Momento Pessoa e grupo
comunicação e
geográfica histórico social
gênero texual

Sexo Grau de Profissão Idade Etc.


escolaridade
Nossa definição de variedade linguística é a seguinte:

Variedade linguística:
Variedade linguística é a maneira de se dizer a mesma coisa, com o
mesmo valor de verdade, com o mesmo sentido, utilizando recursos
linguísticos diferentes. As variedades linguísticas ocorrem em função
de uma série de critérios:
a) Grupo social ao qual pertence ao falante;
b) Localização geográfica do falante;
c) Idade (tempo) do falante;
d) Escolaridade do falante:
e) Sexo do falante;
f) Profissão do falante;
g) Etc.
Quais são os tipos de
variedades linguísticas?

Como existem vários elementos que variam a língua, os


tipos de variedades linguísticas vão ocorrer em função de
um desses elementos ou de um conjunto deles. Assim,
podemos falar em a) variedade padrão, b) variedade
regional, c) variedade temporal, d) variedade pessoal
(idioleto) e e) registro. Vejamos detalhadamente como se
caracteriza cada uma dessas variedades:
Variedade Padrão
A variedade padrão é aquela variedade que caracteriza os
falantes de um país de maneira geral, isto é, aquilo que os
brasileiros (no nosso caso) falam tirando as diferenças
regionais e sociais. Assim, a variedade padrão é o que nós
chamamos de norma culta padrão da língua.

Essa norma, nós a aprendemos, sobretudo, na escola


através da Gramática e na leitura de vários textos escritos
e formais. Trata-se de uma variedade bastante formal.

O padrão é importante pelo fato dele permitir a


intercompreensão entre os diversos grupos sociais e
regionais de um país. Dessa forma, ao utilizar a variedade
padrão, o carioca não pode, por exemplo, puxar o /s/.
Exemplo:

Não dá para perceber que


qualquer pessoa que fale o
português conseguiria entender
este texto?

Gênero Manual de Instrução


Variedade Regional
A variedade regional ocorre em função da região
geográfica na qual um falante (ou um grupo de
falantes) pertence. Dessa forma, o falante localizado
no estado de São Paulo (SP) fala uma variedade
diferente do falante da região de Minas Gerais (MG).

Além disso, o falante situado no subúrbio de uma


cidade grande como o Rio de Janeiro/RJ fala uma
variedade diferente daquele situado na zona sul.
Assim, é considerado variedade regional, a fala de
regiões diferentes de uma mesma cidade, bem como
a diferença entre a fala urbana (cidade) e a fala rural
(caipira).
Exemplo:

De que região é a fala da


personagem da charge?

A fala do personagem da
charge é bem característica da
fala dos Mineiros (MG). O
vocábulo “Sô” é
frequentemente usado pelos
mineiros como sendo
correspondente a “Senhor”.

Gênero Charge
Variedade Temporal
É a variedade que ocorre em função do momento
histórico em que o falante se encontra. Assim é que o
português falado hoje é muito diferente do
português falado no início do século XX, e este, por
sua vez, é bem diferente do português falado no
século XVIII, que, por seu turno, é diferente do
português falando na época em que Cabral chegou
ao Brasil e assim sucessivamente.

Logo, através da variedade temporal percebemos


como a língua muda através do tempo e como, daqui
a alguns anos, o que falamos hoje será um pouco
diferente.
Exemplo:

Vocês conseguem ver


diferenças desse texto de
1926 com o que nós falamos
hoje?
Há muitas diferenças na
ortografia de certas palavras
nesse texto. A palavra
“cosinha” hoje escrita com Z,
no texto está escrito com s, o
verbo “soffreu” possui dois F e
várias outras diferenças.

Gênero Notícia
Variedade Pessoal (de pessoa)
É a variedade que ocorre em função da pessoa ou do
grupo de pessoas (chamado de grupo social) que fala.
Assim, essa variedade depende de uma série de
variáveis, tais como o sexo, a idade, a profissão, a
escolaridade, etc. Se você observarem bem, um
jovem fala de forma bem diferente de um senhor de
70 anos e as mulheres costumam usar certas
“palavras” que os homens não utilizam.

A variedade de pessoa é importante para caracterizar


certos grupos sociais (adolescentes, mulheres,
médicos, homossexuais, professores, cientistas, etc.),
bem como é responsável pelo surgimento de certas
gírias.
Exemplo:

O significado de algumas
palavras são aquelas que
estamos acostumados a usar?

Gênero Verbete (s) de


Dicionário Virtual
Registro
Registro é o tipo de variedade linguística que ocorre tanto em
função da situação de comunicação quanto em função do gênero
textual.

Como sabemos cada gênero textual possui uma linguagem própria


que o diferencia de outros gêneros. Essa linguagem própria do
gênero é o seu estilo ou o registro da língua, isto é, a forma que
falamos/escrevemos a língua naquele gênero. Assim, um gênero
como o anúncio publicitário possui um registro diferente da
conversa de msn. O registro é responsável pela:

• LINGUAGEM FORMAL: usada quando não temos intimidade com


o interlocutor, quando não o conhecemos ou quando esse
interlocutor ocupa uma posição social de respeito;

• LINGUAGEM INFORMAL: usada quando temos intimidade com o


interlocutor, quando o conhecemos ou quando estamos numa
situação bastante familiar e íntima.
Exemplo:

O que está diferente na forma


de falar desses interlocutores?
Eles “falariam” assim em
outras situações?

Gênero Conversa de Msn


EXERCÍCIOS:
1) (ENEM/2009)

O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona


rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa
tipicidade é confirmada primordialmente pela
a) transcrição da fala característica de áreas rurais.
b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais.
c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como
coloquial.
d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios
urbanos.
e) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.
EXERCÍCIOS:
2) (ENEM/2005) Leia o texto abaixo

O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal


quanto

a) ao vocabulário.
b) à pronúncia.
c) ao gênero.
d) à derivação.
e) à sintaxe.
EXERCÍCIOS:
3) (ENEM/2008)
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou
coloquial, da linguagem.

a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”


b) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!”
c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua...”
d) “...e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro”
e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um
dragão...”
EXERCÍCIOS:
4) (ENEM/1998)

Para falar e escreve bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal


da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto
discursivo. Para exemplificar esse, seu professor de Língua Portuguesa
convida-o a ler o texto “Aí, Galera”, de Luis Fernando Veríssimo. No
texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à
expectativa do ouvinte.
O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do
público. São elas:

a) A saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a


saudação final dirigida à sua mãe.
b) A linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação de
entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito
rebuscado.
c) O uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da
expressão “progenitora”, por parte do jogador.
d) O desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra
“estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra
cima pra pegá eles sem calça”.
e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o
jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.

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