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Dr Daniel Martins

Psicólogo Clínico / Neuropsicólogo


ORIGEM

“sui” = si mesmo
“o acto de matar a si mesmo
Suicídio

“Suicaedes” intencionalmente.” (Dicionário


“caedes” = acção de
, matar Oxford English: 1661, Inglaterra.)
DEFINIÇÃO
• “ a morte que resultava directa ou indirectamente de um acto
positivo ou negativo cometido por um individuo que conhecia o
resultado desse seu comportamento” Émile Durkheim 1897

• “acto de auto-esão fatal empreendido com maior ou menor


consciência de intenção autodestrutiva, mesmo vaga ou ambígua”
Erwin Stengel 1964

• “é um comportamento que procura e encontra a solução para um


problema existencial através de um atentado contra a própria
vida” Jean Baechler 1980

• “acto com desfecho fatal que o falecido, sabendo ou esperando um


desfecho potencialmente fatal, iniciou e levou a cabo com o propósito de
provocar as mudanças por ele pretendidas” painel autores OMS/europa 2004
IDEAÇÃO COMPORTAMEN
SUICIDA? TOS
SUICIDÁRIOS?
IDEAÇÃO
SUICIDA

“Pensamentos e cognições sobre acabar com a própria vida, que podem ser

vistos como precursores de comportamentos autolesivos ou actos suicidas.

Podem apresentar-se sob a forma de desejos e/ou plano para cometer

suicídio, sem que haja necessariamente passagem ao acto”.


A literatura refere que, “a prevalência ao longo da vida para ideação suicida

varia entre 3% e 65%.

Efectivamente, pensar é diferente de


agir!
Pens Num alívio, numa saída, num sono
a prolongado
Elaboram detalhes, ex., o método, local, horário, e
Planeament
eventualmente, desfecho e consequências.
o

Apenas 1% comete, efectivamente,


suicídio!
COMPORTAMENTOS
SUICIDÁRIOS
“Comportamentos sem intencionalidade suicida, mas envolvendo actos auto-
lesivos intencionais, como, por ex., bater-se a si próprio; cortar-se ou saltar de
um local relativamente elevado; ingerir fármacos em doses superiores às
posologias terapêuticas reconhecidas; ingerir uma droga ilícita ou substância
psicoactiva com propósito declaradamente auto-agressivo; ingerir uma
substância ou objecto não ingeríveis (lixivia; detergente, lâminas, pregos) ”.
Quando falamos de
SUICÍDIO

Ideação Comportamentos
Suicida Auto-lesivos

Tentativa suicídio

Actos Suicídas
Suicídio consumado

Plano Nacional da Prevenção do Suicídio 2013-2017


Estatísticas
Taxa de mortalidade por suicídio
Em Portugal, a prevalência de suicídios consumados é 3-4 vezes maior em homens do
que em mulheres
Realidade
Cerca de 800 000 pessoas morrem por suicídio a cada ano.

Por cada suicídio, 25 fazem uma tentativa de suicidio. Uma tentativa de suicídio

anterior é factor de risco acrescido para o suicídio.

A ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos

de suicídio mais comuns.

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 aos 29

anos.
Porquê falar em
Prevenção?
Existem 3 estágios no desenvolvimento da intenção suicida:

1. Geralmente começam com a imaginação ou a contemplação


da ideia suicida

2. Um plano de como por termo à vida, que pode ser


implementado por meio de ensaios realísticos ou imaginários

3. Culmina numa acção destrutiva (umas vezes falhada outras


vezes concretizadas)
Existem 3 características próprias do estado emocional em que a maioria das
pessoas sob risco de suicídio se encontram:

AMBIVALÊNCIA

É uma atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam
o suicídio.

Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver.

O predomínio do desejo de vida sobre o desejo de morte é o facto que possibilita


a prevenção do suicídio.

Muitas pessoas em risco de suicídio estão com problemas nas suas vidas e ficam
nesta luta interna entre os desejos de viver e de acabar com a dor psíquica.
IMPULSIVIDADE

O suicídio pode ser também um acto impulsivo.

Como qualquer outro impulso, o impulso de cometer suicídio pode ser


transitório e durar alguns minutos ou horas.

Normalmente, é desencadeado por eventos do dia-a-dia.


RIGIDEZ COGNITIVA

O estado cognitivo de quem apresenta comportamentos suicida é, geralmente, de


rigidez de pensamento.

A consciência da pessoa passa a funcionar de forma dicotómica: TUDO ou


NADA.

Os pensamentos, os sentimentos e as acções estão constritos, isto é,


constantemente pensam sobre o suicídio como a única solução e não são capazes
de perceber outras maneiras de sair do problema.

Pensam de forma rígida e drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais


nada o que fazer”; A única coisa que poderia fazer era desaparecer”.
Todos esses pedidos de ajuda não
podem ser ignorados!
Sinais de ALARME
Mudanças de comportamento inesperados: abuso de álcool ou de drogas;
modificação importante nos hábitos alimentares ou de sono; comportamentos
agressivos ou impulsivos; falta de interesse nas actividades habituais; procura de
meios letais; desfazer-se de bens pessoais ou valiosos, problemas com autoridades.
Perda brusca de rendimento escolar ou de interesse nas aulas.

Mudanças de humor drásticas: tristeza intensa, sensação de vazio, fraco controlo


sobre o comportamento (acessos de raiva ou irritabilidade), sentimentos fortes de
culpa ou vergonha, desesperança e pessimismo, comportamento impulsivo ou
agressivo.
Sinais de ALARME
Crescente tristeza e isolamento: afastamento progressivo de familiares e amigos

Expressões de sentimentos ou pensamentos relacionados com suicídio ou morte:

“Não
“A minha
aguento “Ninguém
“Não vejo vida não
mais viver me
nenhuma “Estariam tem
assim” entende”
saída/luz melhor se eu sentido”
ao fundo desaparecesse”
do túnel”
Sinais de ALARME
Melhorias ou períodos de calma súbitos: a pessoa aceitou a decisão de cometer
suicídio e pode simular uma melhoria para levar a cabo o seu plano.

Tentativa de resolver assuntos pendentes: pode indicar igualmente a existência de


um plano para cometer suicídio. Ex, despedida ou insinuação de que não estará
presente no futuro.

Ameaças: a maior parte das pessoas que pensa cometer suicídio avisa alguém
próximo. Este aviso não deve ser ignorado ou encarado apenas como uma forma de
chamar a atenção.

Tentativas anteriores: muitas vezes, os suicídios são precedidos por tentativas


anteriores.
Sinais de PERIGO
Morte recente ou Conflitos com os pais.
suicídio de um
familiar ou amigo
chegado.

Casos de suicídio de jovens

da mesma escola ou
Fim de um relacionamento.
comunidade, ou de

personagens mediáticas
Como podemos ajudar?

Desmistificar as falsas crenças em relação ao suicídio.


Mitos e Factos

Todas as ameaças

“ A pessoa que fala devem de ser


encarados com
O
sobre suicídio não
seriedade, a pessoa está
LS

fará mal a si própria,


em sofrimento e precisa
apenas quer chamar
FA

de ajuda. Muitos
a atenção“
suicidas comunicam
previamente a sua
intenção.
Mitos e Factos

Apesar de muitas
vezes parecer
O
“O suicídio é
impulsivo pode
LS

sempre impulsivo e
obedecer a um plano
acontece sem aviso“
FA

e ter sido
comunicado
anteriormente.
Mitos e Factos
A maioria das
pessoas que se
“Os indivíduos suicida conversa
previamente com
O
suicidas querem
LS

mesmo morrer ou outras pessoas ou


estão decididos a liga para uma linha
FA

matar-se“. de emergência, o que


mostra a
ambivalência que
subjaz ao ato suicida.
Mitos e Factos

“Quando um Na verdade, um dos


indivíduo mostra períodos de maior
O
sinais de melhoria risco é o que surge
LS

ou sobrevive a uma durante o


FA

tentativa está fora internamento ou


de perigo“ após a alta. A pessoa
continua em risco.
Mitos e Factos
Há ainda dúvidas
acerca desta
possibilidade. Contudo,
O
“A tendência para o
uma história familiar de
LS

suicídio é sempre
suicídio é um factor de
hereditária“
FA

risco importante,
particularmente em
famílias onde a
depressão é comum.
Mitos e Factos
NEM TODOS, mas a
maioria apresenta sintomas
“Os indivíduos que depressivos. É frequente
tentam ou cometem também a ansiedade, a
O
bipolaridade, os consumos
LS

suicídio têm sempre


uma perturbação de álcool e drogas, etc.
FA

mental“ Apenas em 10% das


pessoas que consuma o
suicídio não se apura
diagnóstico psiquiátrico.
Mitos e Factos
Não se causam comportamentos
suicidas por se falar com alguém
“Se alguém falar sobre isso. Na realidade,

sobre suicídio com reconhecer que o estado emocional


O
outra pessoa está a do indivíduo é real e tentar
LS

normalizar a situação induzida


transmitir a ideia de
pelo stresse são componentes
FA

suicídio a essa
importantes para a redução da
pessoa“
ideação suicida; faz que o
indivíduo sinta que da parte do
seu interlocutor há interesse no
seu sofrimento.
Mitos e Factos

O suicídio pode
O
“O suicídio só ocorrer em todas as
LS

acontece aos pessoas,


outros“. independentemente
FA

do nível social ou
familiar
Mitos e Factos

Uma pessoa que tem


“Após uma tentativa
uma tentativa prévia
O
de suicídio a pessoa
ou comportamentos
LS

vez nunca mais


autolesivos de menor
volta a tentar matar-
FA

letalidade apresenta
se“
um muito maior risco
de cometer suicídio.
Mitos e Factos

PRECONCEITO
TERRÍVEL E ERRADO,
O
que inibe as pessoas de
“Quem se magoa de
LS

pedirem ajuda. Quem se


propósito é louco“
magoa de propósito ou
FA

considera o suicido está


em sofrimento e pode
ser ajudado!!
O que Fazer e Não Fazer
Não Fazer
Ignorar a situação
Ficar chocado ou envergonhado e em pânico
Tentar livrar-se do problema
Dizer que tudo vai ficar bem, sem agir para que isso
aconteça
Desafiar a pessoa a continuar em frente
Fazer o problema parecer trivial
Dar falsas garantias
Prometer segredo
Deixar a pessoa sozinha
O que Fazer e Não Fazer
Deve Fazer
Ouvir, mostrar empatia e ficar calmo
Ser afectuoso e dar apoio
Levar a situação a sério e verificar o grau de risco
Perguntar sobre tentativas anteriores
Explorar as outras saídas além do suicídio
Perguntar sobre o plano de suicídio
Faça um contrato (para ganhar tempo)
Remover os meios letais
Se o risco for grande, ficar com a pessoa, e encaminhá-la para um
profissional de saúde mental.
REFLEXÕES

Daniel Accoto Martins


Psicólogo/Neuropsicólogo

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