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Análise de Conteúdo

Maria Laura Puglisi Barbosa Franco


INTRODUÇÃO

• Mensagens, enunciados dos discursos e das informações.

• “O que essa mensagem significa?”

• Análise de Conteúdo como "território de disputa" entre


Psicologia Social Linguística.
• Inicialmente, o uso da análise de conteúdo era limitado, sendo relacionado a
dados naturais disponíveis e sem a participação ativa do pesquisador.

• Passou a ser utilizada para produzir inferências sobre dados, verbais e/ou
simbólicos, a partir de perguntas e observações de interesse do
pesquisador.

• Observa-se então:
– Uso crescente;
– Interesse crescente por questões teóricas e metodológicas;
– Aplicação a um espectro maior de problemas;
– Uso crescente para testar hipóteses, e não meramente pesquisas descritivas;
– Diversidade de materiais estudados;
– Uso em conexão com outras técnicas de pesquisas psico-sociais;
– Uso de computadores (ALCESTE).
ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS BASES
TEÓRICAS DA ANÁLISE DE CONTEÚDO
• MENSAGEM significado

sentido

• As descobertas devem ter relevância téorica – informações puramente


descritivas tem pequeno valor. Relação entre um dado e outro –
representada por alguma teoria.

• Operações de comparação e classificação que implica entendimento de


semelhanças e diferenças.
• A discussão de Análise de Conteúdo envolve:
– bases teóricas e metodológicas;
– complexidade da relação e interação entre interlocutor e locutor;
– contexto social;
– levar em consideração a influência ideológica e a idealizada nas mensagens;
– impactos gerados;
– efeitos que provocam diferentes comportamentos e ações;
– condições históricas, sociais, mutáveis que influenciam os discursos.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS

"Um conjunto de técnicas de análises de


comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos
e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.
A intenção é a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção e de recepção das mensagens,
inferência esta que recorre a indicadores, quantitativos
ou não."
(Bardin, 1977)
• O investigador deve buscar produzir as seguintes inferências, a partir da
análise das mensagens:
– características do texto;
– causas e/ou antecedentes;
– efeitos da comunicação.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS
Indagações da pesquisa I:
• "Quem?" e "Por quê?"

• Ponto de vista do produtor.

• Pressupostos básicos:
– toda mensagem contêm uma gama de informações sobre o autor;
– o autor é um selecionador, de tudo aquilo que lhe é útil para "dar o seu recado", é preconcebida;
– tem como base uma teoria que revela e orienta sua concepção de realidade, sua visão de mundo.
Indagações da pesquisa II:
• "Com que efeito?"

• Ponto de vista do receptor.

• Na área das ciências sociais é a indagação mais valiosa.


– ex: descobrir os efeitos dos programas alienantes ou revistas ou manchetes.

• Dificuldade: o investigador pode esbarrar com o processo de decodificação


do receptor.
A polêmica "conteúdo manifesto"

"conteúdo latente"

• O processo de análise do conteúdo começa “com tudo aquilo que está lá e


não há nada fora”, todo o “conteúdo manifesto e explícito” é a base (p. 24).

• Mas o pesquisador não deve excluir a análise de conteúdo latente, sejam


eles ocultados consciente ou incoscientemente pelos autores.

• Contextualização como "pano de fundo" da pesquisa.


O conceito de inferência
• Produção de inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do
processo de comunicação.

• DESCRIÇÃO INFERÊNCIA INTERPRETAÇÃO

é a razão de ser da análise de conteúdo;

• Pressupõe a comparação de dados, a partir da descrição, com base em uma


teoria/pressuposto teórico ou...
uma comparação através do tempo, entre fontes diferentes, com algum padrão de adequação ou
desempenho ou opinião de especialistas (índices de não conteúdo).
O DELINEAMENTO DA PESQUISA

• Este plano e desenvolvimento de pesquisa depende bons


procedimentos a serem desenvolvidos como seleção de
dados para análise e logo após serem categorizados
através das unidades de registro a serem enquadradas.
AS UNIDADES DE ANÁLISE
• Torna-se possível a partir de um projeto de pesquisa com
referências teóricas.

• Na qual as unidades de análises são divididas em:


– Unidades de Registro: é a menor parte dentro do conteúdo depois
de ser registrado com as categorias definidas.
• Essa unidade é subdividida em:
– Palavra, Tema, Personagem e Item.
AS UNIDADES DE ANÁLISE

– E a outra é a Unidade do contexto: esta unidade vem a ser a


parte mais abrangente e necessária pois através dela vem se
estabelecer diferenciação de conceitos ou seja o significado e
o sentido quanto as análises e interpretações.
A ORGANIZAÇÃO DE ANÁLISE

• A Pré-Análise: é a fase para a organização em buscas


iniciais de intuições na qual tem como principal objetivo o
de sistematizar a elaboração de um plano de análise.
ATIVIDADES DA PRÉ-ANÁLISE
• A leitura flutuante: é a primeira atividade na qual consiste
os documentos a serem analisados e conhecendo os
textos e suas mensagens.

• A escolha dos documentos: deve ser feita de acordo com


o objetivo do pesquisador e este vem a ser sobre
informações do problema.
AS CATEGORIAS DE ANÁLISE

• Categorização: operação de classificação de elementos constitutivos de um


conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em
analogias
Ponto crucial da análise de conteúdo

• Critérios de categorização:
- Semântico categorias temáticas
- Sintático verbos e adjetivos
- Léxico classificação de palavras segundo seu sentido
- Expressivo podem ser classificadas como diversas perturbações de
linguagem
• Formular categorias de análise é um processo longo, difícil e desafiante;

Conhecimento, competência, sensibilidade e intuição

• Idas e vindas: material de análise à teoria e vice-versa;

Elaboração de várias versões do sistema categórico


• Existem dois caminhos a serem seguidos:
1. Categorias criadas a priori: são predeterminadas a partir da busca de
uma resposta específica do investigador.
Ex: Interesse por parte do professor de uma escola saber até que ponto os professores estão utilizando a proposta de Tyler.

2. Categorias não são definidas a priori: emergem da “fala”, do conteúdo


das respostas e implicam constante ida e volta do material de análise à teoria.

Maior clareza conceitual do pesquisador e seu domínio a


cerca de diferentes abordagens teóricas

• As categorias vão sendo criadas à medida que surgem nas respostas, para
uma comparação entre diferentes teorias.
• Principais requisitos para a criação de categorias:
1. Exclusão Mútua: um único princípio de classificação deve orientar a
organização;
“Em um mesmo conjunto categorial, só se pode funcionar com um registro e com uma dimensão de análise.
Diferentes níveis de análise devem ser separados em outras tantas análises sucessivas.” (Bardin, 1977)

2. Pertinência: está adaptada ao material de análise e ao quadro teórico


definido. Refletem as intenções da investigação;

3. Objetividade e fidedignidade: diferentes partes de um material devem ser


codificadas da mesma maneira;

4. Produtividade: concentrar as possibilidades de fornecer resultados férteis


(novas inferências, hipóteses e dados relevantes)
UM EXEMPLO DA UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE
CONTEÚDO NA REALIZAÇÃO DE UMA PESQUISA
EM EDUCAÇÃO

• Trabalho de pesquisa: Carelli (2002)


• Primeiro semestre de 2001: 20 alunos (9 e 11 anos) da 3ª série do Ensino
Fundamental
• 12 do sexo masculino e 8 do sexo feminino
• Em sua maioria, são filhos de migrantes nordestinos em busca de melhorias no
litoral norte de São Paulo
• Objetivo: propor estratégias diversificadas e sempre respeitando e incluindo a
participação da professora da classe, promovendo o incremento do prazer de ler
e a habilidade de saber ler e escrever (p. 67-68)
• Procedimentos, pré-análise e criação de categorias:

- Entrevista semi-estruturada:
1. Você gosta de ouvir histórias? Por quê?
Saber se contar e ouvir histórias podem significar um procedimento adequado para despertar interesse
pela leitura e escrita.
2. Quem conta histórias para você e onde?
Identificar outros possíveis espaços e outras pessoas que preencham esta lacuna (além do âmbito
escolar)
3. Por que precisamos saber ler?
Identificar os motivos, finalidades e importância da leitura (respondido pela opinião da criança)
• Passam a se constituir em indicadores para a próxima tarefa: criação
de categorias;

• Busca do significado e do sentido das afirmações explicitadas, além


do referencial teórico;

• Criação de tabelas que explicitam as categorias criadas e alguns de


seus indicadores.
– Conclusões da pesquisa:

- Para a maioria, ouvir histórias está associado ao lúdico, ao prazer;


- Pouco mais da metade ouve histórias apenas no ambiente escolar;
- Para a maioria, os motivos para ler estão ligados ao ensino/aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise de conteúdo é de fundamental importância para a efetividade de uma


pesquisa qualitativa, pautada em metodologias utilizadas para descrever e
interpretar o conteúdo de diversos documentos e textos, além de que é uma
ferramenta, um guia prático que contém grande variedade de formas a um campo
de aplicação muito vasto.

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