You are on page 1of 135

AULA DIREITO PENAL IV

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO I-II-III-IV-V E VI

ARTIGO 213 À 234

Diego Augusto Bayer


6º Semestre
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (Modificações introduzidas
pela Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009)

 1.1 Crimes contra a liberdade sexual


 1.2 Crimes sexuais contra vulnerável
 1.3 Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou
outra forma de exploração sexual
 1.4 Do ultraje público ao pudor

 Mudanças com a Lei 12.015/2009


TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

 Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave


ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se
a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (Modificações introduzidas
pela Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009)

 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

 Estupro (art. 213) O delito consiste em obrigar alguém (homem


ou mulher) à conjunção carnal ou outro ato libidinoso, mediante
violência física ou grave ameaça.

• Qualquer ato libidinoso, mesmo que preparatório para a conjunção


carnal, já consuma o delito.

• A tentativa se configura com a prática da violência ou grave


ameaça, antes de iniciadas as manobras sexuais.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O sujeito ativo é comum (qualquer pessoa).

• O sujeito passivo pode ser tanto homem como mulher, desde que
maior de 14 anos e capaz de discernimento e defesa.

• Prostituta ? Transexual ? Estupro Marital ? Beijo ?

• Existe estupro sem contato físico ?

• A discordância da vítima é elemento implícito do crime. “Síndrome da


Mulher de Potifar”. Aquele fato fez nascer no Direito Penal a Síndrome
da Mulher de Potifar, importante figura jurídica, que trata da mulher
que rejeitada faz denúncia apócrifa com a intenção de punir a pessoa
que a rejeitou.

• A violência deve ser física (caso contrário será ameaça) e exercida


contra a própria vítima.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Homem é estuprado por três mulheres em novo caso de roubo de
sêmen na África do Sul
Homem foi deixado a cerca de 550 quilômetros de onde foi abordado
Um homem de 33 anos foi sequestrado e estuprado por três mulheres que
queriam roubar seu sêmen em Port Elizabeth, na África do Sul. Segundo o
jornal britânico Daily Mail, o sequestro inusitado foi realizado por três
mulheres armadas, à bordo de um BMW. O homem foi forçado a entrar no
veículo.
Segundo o jornal Daily Mail, dentro do carro, as mulheres começaram a
acariciar o homem para que ele ficasse excitado. Como não conseguiram por
conta do medo da vítima, as suspeitas obrigaram o rapaz a beber uma
substância desconhecida para conseguir a ejaculação.
As mulheres, então, coletaram o sêmen e, segundo o jornal, armazenaram
em sacos plásticos e o acondicionaram em caixas térmicas. A vítima foi
deixada a cerca de 550 quilômetros do local onde foi abordado. A polícia
abriu uma investigação para apurar o estupro.
Em 2012, três mulheres foram presas na província de Gauteng, no mesmo
país, acusadas de sequestrar homens para forçá-los a fazer sexo. Os sêmens
seriam vendidos para pessoas que utilizavam o fluído para rituais.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Noiva erra de quarto e faz sexo com padrinho após casamento na
China
Noiva errou de quarto ao voltar do banheiro na manhã após o casamento.
Casal processou padrinho, mas Justiça disse que ele não fez nada errado.
Uma noiva chinesa se confundiu e fez sexo com um dos padrinhos na manhã
seguinte após seu casamento na comarca de Napo, em Guangxi. A mulher disse
que só percebeu que o homem na cama não era seu marido após o fim do ato
sexual.
Segundo a imprensa chinesa, a noiva estava na cama com o marido, mas
levantou para ir ao banheiro. Na saída, desnorteada, a mulher errou de quarto e
acabou deitando na cama em que estava o padrinho. O homem começou a
cariciá-la, e os dois fizeram sexo.
Ao descobrir que havia mantido relações sexuais com o padrinho, a noiva se
desesperou e acusou o homem de abuso. Ela e seu marido pediram uma
indenização 20 mil iunes (R$ 7,16 mil), mas o padrinho se negou a pagar a
quantia. Sem acordo, o casal chegou a entrar com uma ação contra o padrinho,
mas a Justiça considerou que ele não teve nenhuma culpa, pois foi a mulher
quem errou de quarto e manteve sexo consensual, sem perceber que o homem
não era seu marido. O incidente ocorreu no dia 30 de agosto, mas foi divulgado
neste mês pela imprensa chinesa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• A violência contra animais e terceiros pode configurar grave
ameaça. O objeto jurídico é a liberdade sexual.
• A reiteração das relações sexuais ou dos atos libidinosos
caracteriza crime único. Trata-se de crime hediondo (tanto
na forma simples como nas qualificadas pelas lesões graves
ou morte).
• A ação penal é pública condicionada à representação da vítima
(art. 225), exceto se ocorrerem lesões corporais graves ou
morte, quando a ação penal será pública incondicionada (art.
100 do CP).
 Anotações especiais: ♦ Conjunção carnal é a introdução
completa ou incompleta do pênis na vagina, pouco
importando se há ou não ejaculação. ♦ Ato libidinoso é
todo aquele que visa à satisfação da lascívia (cópula
vulvar, sexo anal, oral, carícias etc.). ♦ Este é um crime
hediondo (art.1o, V, da Lei no 8.072/90).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Qualificada
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a
vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

Crime Preterdoloso. Necessita de culpa no resultado.


TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Violação sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso


com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
vantagem econômica, aplica-se também multa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Violação sexual mediante fraude - O agente, aqui, não
emprega violência ou grave ameaça, mas utiliza fraude ou
qualquer outro meio para enganar a vítima ou colocá-la em
situação de incapacidade e obter a conjunção carnal ou outro
ato libidinoso.

• Como ensina Magalhães Noronha, a fraude “é o estratagema,


o ardil, o embuste, o engodo, destinado a fazer a vítima
acreditar em uma situação que a leva ao ato desejado pelo
agente, quando, na verdade, é inexistente essa situação” (ex.
curandeiro que convenceu a vítima de possuía fístula interna,
necessitando, assim, de tratamento especial).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O crime pode ser cometido por qualquer meio que impeça ou dificulte
a livre manifestação de vontade da vítima (ex. sorrateiramente, fazer
com que a vítima consuma entorpecentes ou anestésicos, como no
golpe conhecido como “boa noite cinderela”).

• Tanto o sujeito ativo como o passivo podem ser homem ou mulher.


Consuma-se o crime com o primeiro ato libidinoso. Admite tentativa
(ex. é empregada fraude ou outro meio turbador da vontade, mas não
se realizando a prática libidinosa).

 Anotações especiais: ♦ Se a vítima é menor de 14 anos, ou, por


enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou se, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, o crime será de estupro
de vulnerável (art. 217-A). ♦ No estupro de vulnerável a vítima
já é encontrada pelo agente na situação de incapacidade. Na
violação sexual mediante fraude ele, por fraude ou outro meio
coloca a vítima em tal situação.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Homem se passa por irmão gêmeo e faz sexo com a cunhada
Mulher descobriu que estava sendo enganada ao perceber que o homem
com quem fazia sexo não tinha a tatuagem de cowboy no traseiro como a
do namorado
01/07/2010 - 18:20 (atualizada em 01/07/2010 18:27)
O ex-policial Jared Rohrig, 26, enfrenta julgamento nos Estados Unidos por fingir
ser o irmão gêmeo e abusar sexualmente de sua namorada.
O fato aconteceu no dia 18 de julho, mas as partes ainda se enfrentam na corte.
Nesta quarta-feira (30), os advogados de Jared conseguiram suspender o caso por
mais dois meses.
Segundo a vítima, ela foi até a residência dos irmãos para encontrar seu
namorado Joseph, mas só quem estava em casa era seu irmão gêmeo, Jared.
No entanto, ela só se deu conta disso depois de iniciar uma relação sexual e
perceber que ele não tinha uma tatuagem que seu namorado tinha: Joseph tinha o
desenho de um cowboy no traseiro, segundo notícia do “New Haven Register”.
Ao perceber que havia sido enganada ela tentou se soltar, mas Jared colocou um
travesseiro em seu rosto e continuou a possuí-la.
O caso ainda está em fase de pré-julgamento e não se sabe quando a corte
chegará a uma decisão definitiva. Por enquanto Jared está solto, depois de pagar
uma fiança de US$ 50.000.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Pastor abusava de fiéis dizendo que tinha pênis abençoado
O pastor Valdeci Picanto Sobrinho (foto), de 59 anos, foi preso no interior de
Aporé, interior de Goiás, sob a acusação de que abusava sexualmente das
mulheres da cidade utilizando o pretexto que teria o pênis abençoado.
“Ele nos convencia de que Deus só entraria em nossa vida pela boca e por isso nós
deixávamos ele fazer o que fazia”, relata a jovem M.R., de 23 anos, que prefere
não se identificar. “Muitas vezes, após os cultos, o Pastor Valdecir nos levava para
um terreno nos fundos da igreja e pedia para a gente fazer oral nele até o espírito
santo aparecer por meio da ejaculação”, completa a jovem desolada.
Valdecir, que chegou a abusar também de algumas idosas, se defende falando que
teve um encontro com Jesus num bordel e que Ele lhe deu a missão de “distribuir
o leite sagrado” por todo o estado, começando pelos fiéis da Assembléia de Aporé,
do qual é responsável.
“Vocês estão prendendo um servo do Senhor e ainda se arrependerão disso.
Espero poder continuar com meu belíssimo trabalho dentro da prisão”, reluta o
sacerdote.
Denise Pinheiro, delegada responsável pela região, diz que Valdecir foi pego em
flagrante enquanto esfregava seu membro no rosto de uma comerciante local, em
que prometia ter mais vendas em seu negócio caso deixasse ser derramada pelo
líquido divino.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Assédio sexual

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de


obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função."
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. VETADO
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Assédio sexual -O dispositivo foi acrescentado pela Lei
10.224, de 15.5.2001. A ação consiste em pressionar uma
pessoa (homem ou mulher), para fins sexuais, valendo-se da
posição de ascendência sobre a vítima ou da superioridade
hierárquica em emprego, cargo ou função.

• Objeto jurídico é a liberdade sexual.

• A ação é dolosa, com o elemento subjetivo do injusto (dolo


específico) de obter vantagem ou favorecimento sexual.

• Superior hierárquico é quem detém algum poder funcional


sobre a vítima, dentro de organização pública ou privada.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• A ascendência abrange a relação de respeito ou influência não
decorrente propriamente da hierarquia (ex.: professor em
relação ao aluno, enfermeiro em relação ao paciente).

• A consumação exige que a vítima se sinta realmente


embaraçada ou em dificuldade (crime material), havendo,
porém, entendimento no sentido de que se trata de crime
formal, bastando a conduta.

• Admite tentativa (ex.: o escrito embaraçoso é interceptado


pela gerência da empresa, não chegando ao conhecimento da
vítima).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL

 Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12
(doze) a 30 (trinta) anos.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL

 Estupro de vulnerável- O estupro, na forma básica (art.


213), consiste no constrangimento de alguém à prática de ato
libidinoso, mediante o emprego de violência física ou grave
ameaça.

• Porém, a lei presume a violência sempre que a vítima for


menor de 14 anos (vulnerável) ou se encontrar em uma das
situações descritas no § 1o do art. 217 (equiparado a
vulnerável), mesmo que a vítima tenha concordado com as
manobras sexuais.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O texto legal parece indicar que essa presunção de
violência é absoluta, mas há tendência jurisprudencial de
considerá-la relativa, afastando o crime sempre que a
vítima tiver discernimento e houver concordado com o ato
(sobre conjunção carnal e ato libidinoso, v. as anotações ao
art. 213).

• O sujeito passivo pode ser homem ou mulher, desde que


vulnerável ou equiparado.

• No art. 215 (violação sexual mediante fraude), a vítima é


colocada em situação de incapacidade, mediante meio
fraudulento ou dissimulado. Já aqui, no estupro de
vulnerável (art. 217-A, § 1o), a vítima já é encontrada pelo
agente em situação de incapacidade.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• De acordo com a melhor doutrina, o tipo exige dolo específico de
satisfazer a lascívia. O agente deve ter ciência plena (dolo direto) ou
desconfiar (dolo eventual) que a vítima é vulnerável ou equiparada.

• A consumação ocorre imediatamente com a prática de qualquer ato


libidinoso onde haja contato corporal. Somente é possível a tentativa
antes de iniciadas as manobras sexuais.

• O resultados mais graves previstos nos §§ 3o e 4o (lesões graves e


morte) podem resultar tanto de dolo como de culpa, mas devem
necessariamente estar relacionados com o contexto do estupro de
vulnerável.

 Anotações especiais: ♦ Se a vítima é colocada na situação de


incapacidade por fraude ou qualquer outro meio, o crime será
de violação mediante fraude. ♦ Este é um crime hediondo
(art.1o, VI, da L 8.072/90).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze)


anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Corrupção de menores

• O sujeito ativo deste crime pode ser homem ou mulher


(crime comum).

• O mesmo ocorre com o sujeito passivo. Como a corrupção


é crime especial em relação à participação em estupro de
vulnerável (art. 217-A), mesmo que efetivamente ocorra o
estupro, o agente que apenas induziu o menor responde
por este crime do art. 218, cujas penas são
consideravelmente menores.

• O sujeito passivo é próprio. Ou seja, o crime só pode ser


cometido contra quem não tem ainda 14 anos de idade.
Induzir é persuadir, criar a vontade.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• É necessário que a vítima tenha algum entendimento
(crianças pequenas e débeis profundos não têm), pois, do
contrário e contato corporal, o agente responderá por
participação em estupro de vulnerável (art. 217-A).
• Outrem é terceira pessoa certa e determinada. Se a outra
pessoa é indeterminada, o crime será o do art. 228-B
(favorecimento à prostituição de vulnerável).

• O tipo exige dolo específico de agir para a satisfação do


prazer sexual de outrem. A consumação ocorre com o
convencimento efetivo da vítima, caracterizado no primeiro
ato tendente à satisfação da lascívia de outrem.

• Admite-se teoricamente a tentativa.


• Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação
do desejo sexual. O mesmo que luxúria.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Satisfação da lascívia mediante presença de
criança ou adolescente

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor


de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou
adolescente

• Este é um tipo misto (mischgesetz), não cumulativo, que trata de


dois crimes. O primeiro consiste em praticar ato libidinoso na
presença de vulnerável (exibicionismo). O segundo é induzir o
vulnerável a presenciar o ato libidinoso.

• O sujeito ativo deste crime é qualquer pessoa, homem ou mulher.

• O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 14 anos.

• Necessário o dolo específico de agir para satisfazer lascívia própria ou


de outrem. Lascívia é a vontade de satisfação sexual.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• É imprescindível que o agente tenha efetivo conhecimento de que o
menor está presenciando as manobras sexuais. Não pode haver
qualquer espécie de contato físico sexual dos praticantes com a
pessoa vulnerável que o presencia. Se houver, o crime será de
estupro de vulnerável, do art. 217-A, cuja pena é sensivelmente mais
grave.

• Nas duas modalidades, o crime se consuma quando a pessoa


vulnerável presencia o ato libidinoso. É possível a tentativa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável.

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de


exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-
se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor
de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput
deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da
condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável.

• Trata-se de tipo misto ou alternativo (não cumulativo).

• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, de qualquer sexo (crime


comum).

• Se o agente, além de favorecer a prostituição ou a exploração sexual,


ainda pratica ato libidinoso com a pessoa prostituída, responderá em
concurso material com o crime do § 2o, I.

• O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 18 anos ou quem, por


enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• É necessário dolo específico de agir para introduzir ou manter
alguém na prostituição ou outra forma de exploração sexual.

• Nas formas submeter, induzir e atrair, a consumação ocorre


quando a vítima se entrega à prostituição ou à outra forma de
exploração sexual (crime material instantâneo), que se
caracterizam por certa habitualidade.

• Nas modalidades facilitar, impedir ou dificultar, a consumação se


dá com a retirada do obstáculo, a colocação do impedimento ou
da dificuldade.

• É admissível teoricamente a tentativa.


TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Anotações especiais: ♦ Discernimento refere-se ao
entendimento do que seja prostituição ou exploração sexual,
conforme o caso. É a faculdade de escolher e optar, segundo
critérios pessoais, tendo plena consciência dos aspectos morais
e físicos envolvidos. ♦ Prostituição é a atividade habitual
daquele que pratica sexo mediante pagamento. ♦ Outra forma
de exploração sexual refere-se a qualquer outra atividade
libidinosa remunerada que envolva contato corporal e
habitualidade (ex. reunião para troca de casais, bacanais, etc).
♦ Induzir é incitar, convencer, inspirar, dar a idéia.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 A ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas
as lesões corporais e o homicídio são resolvidos em foros
de concurso de crimes. ♦ Atrair é chamar, provocar. ♦
Facilitar é retirar obstáculos. ♦ Impedir é obstar,
atrapalhar. ♦ Dificultar é criar empecilho, tornar mais
difícil.

 Os crimes do § 2o

• Na primeira parte, o § 2o pune quem pratica ato libidinoso


com alguém menor de 18 e maior de 14 anos, que entregou à
prostituição ou outra forma de exploração sexual, nas
condições do caput.

• Sendo a vítima menor de 14 anos ou se for empregada grave


ameaça ou violência, o crime será de estupro de vulnerável
(art. 217-A) ou estupro padrão (art. 213), respectivamente.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• É necessário que o agente tenha ciência (dolo direto) ou desconfie
(dolo eventual) da situação da vítima. Cuidando-se de crimes
diversos, o agente responderá pela caput e também pelo § 2o,
somando-se as penas.

• A consumação se dá com o primeiro ato libidinoso, não sendo


descartável a possibilidade de tentativa.

• Na segunda parte, o § 2o pune o proprietário, o gerente ou o


responsável pelo local em que se verifiquem a prostituição ou a
outra exploração sexual do menor de 18 e maior de 14 anos.

• Também aqui é preciso que o agente tenha conhecimento ou pelo


menos desconfiança de que o local está sendo utilizado para
aqueles fins.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Se o proprietário, o gerente ou o responsável é o próprio
facilitador, o crime do § 2o, II, fica absorvido, já que a conduta de
fornecer o local para o exercício da prostituição ou exploração não
passa de modalidade de facilitação.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa vulnerável.

 Ação penal

• A persecução penal pelos crimes contra a liberdade sexual se


dá por ação penal pública condicionada à representação.

• Ocorrendo lesão corporal grave ou morte (v. art. 101 do CP),


bem como nos crimes contra menor de 18 anos ou vulnerável,
a ação penal é pública incondicionada.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Aumento de pena

Art. 226. A pena é aumentada:


I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de
2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106,
de 2005)
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela;
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Causas de aumento de pena Havendo concurso de pessoas a
pena é aumentada da quarta parte.

• Se o crime é cometido com desrespeito às relações familiares


ou domésticas, a pena é aumentada de metade.

 Anotações especiais: ♦ Ascendente é aquele parente que se


localiza na linha reta, em posição anterior (pai, avô, bisavô
etc.). ♦ Padrasto é o companheiro ou esposo de uma
mulher, em relação aos filhos unilaterais dela. ♦ Madrasta é
a nova mulher do pai, em relação aos filhos anteriores dele.
♦ Tio é aquele que se coloca na linha colateral, no segundo
grau, irmão do pai. Pelo princípio da legalidade, que
informa o Direito Penal incriminador, o conceito de tio não
pode ser estendido à companheira ou esposa do irmão do
pai, ou ao companheiro ou esposo da irmã do pai.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 ♦ Tutor é o nomeado para exercer o poder familiar em
relação a menores órfãos ou cujos pais foram destituídos
do poder familiar. ♦ Curador é o nomeado pelo juiz para
representar ou assistir menores. ♦ Preceptor é aquela
pessoa responsável pela educação e formação do discípulo;
o que ministra instruções ou preceitos, como o professor
com ascendência sobre o aluno. É o educador particular. ♦
Empregador é a pessoa que assume os riscos de determina
atividade econômica, admitindo, dirigindo e assalariando o
empregado que lhe presta serviços subordinados. É o
patrão. ♦ Quem por qualquer outro título tem autoridade
sobre a vítima refere-se à superioridade hierárquica em
qualquer contexto, como o chefe do departamento, o
inspetor de alunos ou o diretor da escola.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO
SEXUAL
Mediação para servir a lascívia de outrem
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito)
anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave
ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO
SEXUAL

 Mediação para servir a lascívia de outrem

• A ação consiste em induzir (incitar, convencer) alguém a


satisfazer a lascívia de um destinatário (pessoa certa e
determinada, homem ou mulher). O destinatário não comete
crime (pois não induz, nem faz intermediação).

• Se o destinatário for indeterminado – art. 228 (favorecimento


da prostituição ou outra forma de exploração sexual).

• O sujeito ativo ou passivo pode ser qualquer pessoa


(prostituta não – RT 487/347).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Consuma-se com o ato da vítima satisfazendo o
destinatário. Cabe tentativa.

• O crime pode ser qualificado conforme a idade da vítima ou


a condição do agente em relação a ela (§ 1o); quando
empregada violência, grave ameaça ou fraude (§ 2o); ou
houver fim de lucro (§ 3o).

• Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação


do desejo sexual. O mesmo que luxúria. ♦ v. tb. as
anotações ao próximo artigo.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de
exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a
abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador
da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave
ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente
à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual

• O delito comporta três modalidades, sendo que a prática de


duas ou mais condutas constitui crime único (tipo misto
alternativo):

• (1) Induzir ou atrair à prostituição. Nessa hipótese o crime


assemelha-se à mediação, do art. 227, com a diferença de que
aqui o destinatário será indeterminado;

• (2) Facilitar a prostituição. A ação consiste em contribuir


(habitualmente – RT 770/621) para a prostituição, como
encaminhar mulheres (já prostituídas ou não) para casa ou
local de tolerância (RT 546/345). Há decisões que dispensam a
habitualidade (RT 414/55).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• (3) Impedir alguém de abandonar a prostituição. Neste caso o
agente coage a vítima para obrigá-la a permanecer na
prostituição. Basta uma única ação.

• O sujeito ativo ou passivo pode ser homem ou mulher.

• A consumação ocorre com a ação descrita em cada modalidade.

• Admite tentativa em todas as hipóteses. O art. 229 (casa de


prostituição) exclui o art. 228 (favorecimento da prostituição),
pois a primeira ação já engloba a segunda (RT 455/339).

• Anotações especiais: Sobre ♦ Prostituição ♦ Outra forma


de exploração sexual ♦ Induzir ♦ Atrair ♦ Facilitar ♦
Impedir ♦ Dificultar – v. comentários ao art. 218-B.
Sobre ♦ Ascendente ♦ Padrasto ♦ Madrasta ♦ Tutor ♦
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Curador ♦ Preceptor ♦ Empregador – veja os
comentários ao art. 226. ♦ Irmão é o filho do mesmo
pai ou da mesma mãe ou de ambos. ♦ Enteado é o
filho do companheiro ou da companheira. ♦ Se
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância refere-se aos
guardiões em geral e dirigentes ou operadores dos
estabelecimentos de ensino ou abrigo.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Prostitutas poderão receber programa com cartões de
débito e crédito em Minas

A CEF (Caixa Econômica Federal) firmou convênio com a


Associação de Prostitutas de Minas Gerais e, reconhecendo essas
profissionais como autônomas, irá permitir que elas possam
receber pelos programas por meio de cartão de débito e crédito.
Os programas, inclusive, poderão ter seus pagamentos
parcelados.
Segundo a presidente da Associação de Prostitutas, Maria
Aparecida Vieira, a Cida, 46, 20 garotas de programas de Belo
Horizonte já abriram conta na CEF e devem receber as máquinas
para debitar e creditar os valores dos programas ainda neste mês.
A assessoria da Caixa informou que, com o convênio, as
prostitutas e travestis que fazem programas remunerados, terão
o mesmo tratamento de outras categorias de autônomos.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
Prostitutas poderão receber programa com cartões de
débito e crédito em Minas

Além da possibilidade de receber por meio de cartão, as prostitutas


terão também cobertura de previdência social, aposentadoria por
idade e invalidez, auxílio doença, salário maternidade, pensão por
morte, auxílio reclusão, custo zero para formalização, imposto zero
para o governo federal e talões de cheque, cheque especial e dinheiro
para capital de giro.
"Com os benefícios ficará mais fácil receber dos clientes, além de
ajudar, e muito, na questão da segurança. Sempre andamos com
dinheiro e isso facilita a ação dos assaltantes", diz.
"Podendo pagar com cartão, o cliente que quer estender o programa
mas está sem dinheiro, vai poder ficar com a menina por mais tempo
sem nenhum transtorno. Com isso, o número de programas e o lucro
das prostitutas devem aumentar", afirma Cida Vieira.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Casa de prostituição

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,


estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

• Manter refere-se à incidência repetida ou permanente de uma


atividade, de modo a caracterizar habitualidade (crime
habitual).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O estabelecimento mencionado pela lei abrange qualquer aposento
onde ocorra exploração sexual, assim entendida a prostituição e
qualquer outra atividade libidinosa habitual, onerosa, e onde ocorra
contato corporal.

• Por conta própria ou de terceiro significa que o sujeito ativo


(mantenedor) pode ser tanto o dono do estabelecimento como quem
exerce apenas a direção ou gerência (excluem-se empregados não
graduados, camareiras, porteiros, prostitutas e o proprietário do
prédio alugado, estranho à sua utilização).

• O sujeito passivo é a coletividade (e para alguns autores também as


prostitutas ou explorados). A nova lei não exige mais que a atividade
do estabelecimento seja a exploração sexual, bastando que ali ocorra
a exploração sexual.

• Então, aquele que simplesmente aluga um salão pode ser incriminado,


se o locatário explorar tal atividade.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Basta o dolo genérico, sendo irrelevante o intuito de lucro.

• O crime de consuma com a habitualidade (RT 511/355, 536/290,


620/279 – há, porém, posição doutrinária que dá o crime por
consumado no primeiro ato de prostituição).

• Não se admite tentativa (crime habitual).

• Anotações especiais: ♦ Prostituta free lancer e Cooperativa de


prostitutas. Manter casa para seu uso profissional exclusivo
(prostíbulo individual) ou em regime de cooperativa não
configura este crime, pois a prostituição em si é atípica. ♦ Não
configuram o delito. Hotel (RT 507/332), motel (RT 587/390),
drive-in (RT 610/335), sauna, banhos, duchas e bar (RT
589/322, 619/290), casa de massagem (RT 761/567),
prostíbulo individual (RT 469/403).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Rufianismo

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando


diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em
parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze)
anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta,
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor
ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão,
de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da
vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem
prejuízo da pena correspondente à violência.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Rufianismo

• Trata-se de “tipo de autor”, onde se incrimina um modo de vida.

• Sujeito ativo é o cafetão ou rufião, que vive da prostituição alheia.


Pode ser qualquer pessoa (crime comum), homem ou mulher,
menos a própria prostituta (“prostituição alheia”).

• O sujeito passivo é a pessoa que se prostitui e é explorada pelo


rufião. Também figura no pólo passivo a comunidade (crime
vago).

• O tipo se satisfaz com o dolo genérico de praticar a conduta


descrita no tipo.

• Não há forma culposa.


TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O § 2o qualifica o crime quando é cometido mediante
violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça
ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima.

• Violência refere-se à agressão física.

• A ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas


as penas das eventuais lesões corporais ou homicídio são
somadas.

• A fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre


manifestação da vontade da vítima refere-se a qualquer
expediente, não violento nem ameaçador, que turbe a
vontade da vítima, como a embriaguez e a ministração de
outras drogas incapacitantes.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Tirar proveito é auferir alguma espécie de vantagem. Participando
diretamente de seus lucros significa ficar, no todo ou em parte, com o
mixe (preço do serviço sexual) recebido pela prostituta.

• Fazendo-se sustentar refere-se ao agente que não recebe dinheiro,


mas pede ou exige que seus gastos (mantimentos, vestuários,
alugueis etc.) sejam suportados no todo ou em parte pela prostituta.

• Em ambas as formas (tirar proveito participando dos lucros e tirar


proveito fazendo-se sustentar) exige-se habitualidade. Assim,
impossível a tentativa.

 Formas qualificadas

• O §1o traz uma forma qualificada que leva em conta a qualidade do


sujeito ativo do crime em relação ao explorado.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Anotações especiais: ♦ Prostituição é o comércio carnal
habitual. É a prestação continuada de serviços sexuais
mediante o pagamento de um preço (mixe). ♦ Companheiro
refere-se ao participante de União Estável informal. ♦
Ascendente ♦ Padrasto ♦ Madrasta ♦ Tutor ♦ Curador ♦
Preceptor ♦ Empregador – v. comentários ao art. 226. ♦ Irmão
♦ Enteado – v. comentários ao art. 228. ♦ Com a expressão
“por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado proteção ou vigilância” o tipo indica que a lei
incrimina mais severamente também o diretor do
estabelecimento de ensino, o dirigente de abrigo, de entidade
de orientação de jovens etc.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

 Ato obsceno

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou


exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

 Ato obsceno

• O delito consiste em praticar ato obsceno em lugar público (ruas,


praças), ou aberto ao público (cinemas, teatros), ou exposto ao
público (varanda de casa). Não é exposto ao público o lugar
privado que só pode ser visto de outro lugar privado (RT
473/360).

• Não importa se alguma pessoa viu, ou não, ou se ficou chocada,


ou não, com o ato. Basta ser local publicamente visível a um
número indeterminado de pessoas.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Ato obsceno é o que fere o pudor, com a exibição do corpo,
ou partes dele, que objetivamente sejam, ou possam ser,
relacionadas com o sexo, ainda que o agente não tenha
qualquer finalidade erótica. Palavras não caracterizam o
crime.

• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.

• O sujeito passivo é a coletividade (crime vago); e,


secundariamente, quem presencia realmente o ato. O dolo
pode ser direto ou eventual (assumir conscientemente o
risco de ser visto).

• A consumação se dá com a prática do ato. Difícil a


configuração da tentativa.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Anotações especiais: Lugar público. De acordo com
classificação atribuída a Chassan, lugares públicos por
natureza são os francamente acessíveis ao público, como
ruas e praças. Lugares públicos por destinação são os
abertos ao público, de acesso ocasional, controlado ou
remunerado, como igrejas, teatros, cinemas. Lugares
públicos por acidente são os lugares privados
eventualmente expostos ao público, como a casa particular
em que se realiza um leilão, ou recinto da mesma que seja,
ou se torne, visível ao público.

 Jurisprudência classificada: -É ato obsceno. Exibição de


órgão sexual (RT 735/608). Micção em via pública (RT
691/333, 763/598, 801/551), mesmo à noite, em local não
iluminado (RT 517/357), mesmo que em campanha
publicitária (RT 622/288). Correr nu, “chispada” (RT
515/363). Relações sexuais em automóvel estacionado em
via pública (RT 597/328).
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 -Embriaguez. Não exime, salvo fortuita ou de força maior (RT
587/347). -Não é ato obsceno. Ato em local privado, sem
visão para número indeterminado de pessoas (RT 786/649).
No quintal de casa, não exposto ao público (RT 728/609).
Micção em praça pública à noite e em local discreto (RT
683/326). Exibição de revista pornográfica (RT 658/299)
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Escrito ou objeto obsceno

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda,
para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito,
desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos
referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação
teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer
outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio,
audição ou recitação de caráter obsceno.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O art. 234 traz um tipo misto ou de conteúdo variado. No mesmo
contexto, a prática de duas ou mais ações descritas no dispositivo
constitui crime único.
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
• O sujeito passivo é o Estado ou a coletividade (crime vago).
• A consumação se dá conforme a espécie de conduta.
• Fazer se consuma com o fim do processo de fabricação do objeto.
• Importar se consuma com a entrada do objeto no país.
• Exportar se consuma com a saída do objeto do país.
• Adquirir se consuma com o recebimento físico da coisa.
• Ter sob sua guarda se consuma no primeiro instante em que se
recebe a coisa (é crime permanente).
• Vender se consuma com o acordo sobre o objeto e o preço,
independente da tradição da coisa e do recebimento do preço.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Distribuir se consuma com o ato de despachar a coisa para o
destinatário.

• Expor se consuma com a exibição desimpedida do objeto (é crime


permanente).

• Realizar se consuma com o início da encenação ou projeção.

• De regra, é admissível a tentativa sempre que a conduta puder ser


fracionada, mas não é possível tentar guardar.

 Figuras assemelhadas

• O parágrafo único do art. 234 acrescenta outras hipóteses de ação,


como venda dos objetos referidos no artigo, espetáculos públicos
obscenos, audição ou recitação radiofônica de caráter obsceno.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• É importante lembrar que (1) a importação de revistas ou filmes
pornográficos caracteriza o crime em exame (não o crime de
contrabando do art. 334 (contrabando ou descaminho), (2) a
pedofilia, com envolvimento de criança ou adolescente caracteriza
as condutas previstas no ECA (art. 240 e seguintes).

 Anotações Especiais: ♦ Censura. Em função da garantia


constitucional que veda qualquer espécie de censura,
entendemos que é inaplicável a incriminação no que se
refere à representação teatral, à exibição cinematográfica
e qualquer outro espetáculo. As condutas de produzir,
reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornografia,
envolvendo criança ou adolescente, constituem o crime do
art. 240, caput, da L 8.069/90 (ECA). O agenciamento, a
venda, o oferecimento, a troca, a aquisição ou posse de tal
material configuram os crimes dos arts. 241 a 241-E do
mesmo diploma legal.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Jurisprudência classificada: ♦ Configura o delito. Venda de
revistas pornográficas (RT 529/367), em banca de jornais
(RT 600/367), em estabelecimento de chaveiro (RT
527/381), ainda que envelopadas em plástico (RT
606/311); exibição de cartazes obscenos de filme
cinematográfico (RT 631/380). ♦ Não configura o delito.
Venda em recinto fechado, de acesso proibido a menores
de idade (RT 609/331, 617/311; contra: RT 685/311).

 DISPOSIÇÕES GERAIS
 Causas de aumento de pena

• Ocorrendo gravidez ou transmissão de doença sexualmente


transmissível, em razão de algum dos crimes contra a dignidade
sexual, a pena é aumentada de metade ou de um sexto até a
metade, respectivamente.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O art. 234-A impõe que o agente saiba ou deveria saber ser
portador da doença sexualmente transmissível.

• A expressão saiba se refere ao dolo direto ou eventual.


Deveria saber é um elemento normativo do tipo. Significa que
o agente, em face da situação em que se encontra, tem
obrigação especial de cuidado exigida para o ato, como, por
exemplo, no relacionamento sexual forçado, onde o agente
teve uma parceira sexual anterior que faleceu acometida por
uma DST gravíssima.

• Mesmo que o agente não saiba estar contaminado, deve, nas


circunstâncias, adotar todas as providências necessárias para
que não transmita a outrem a doença que possa ter.
TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• Segredo de justiça No Segredo de Justiça o direito de
consultar autos e de pedir certidões de seus atos é restrito
às partes e a seus procuradores. O terceiro, que
demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz
certidão do dispositivo da sentença (art. 155 do Código de
Processo Civil).

• O objetivo é evitar o tanto quanto possível a dupla


vitimização do sujeito passivo, com a inconveniente e
vexatória publicidade do crime sexual que sofreu.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Bigamia
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com
pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com
reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou
o outro por motivo que não a bigamia, considera-se
inexistente o crime.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A organização da família.

Sujeito ativo: A pessoa casada que contrai novo matrimônio,


na bigamia própria do caput. A pessoa solteira, viúva ou
divorciada, que se casa com pessoa que sabe ser casada, é
sujeito ativo do crime de bigamia imprópria na figura mais
branda do § 1º deste artigo 235 do nosso Diploma Penal.

Sujeito passivo: O Estado, o cônjuge do primeiro matrimônio


e o do segundo, se de boa-fé.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo objetivo: É pressuposto deste crime a existência formal e


a vigência de anterior casamento. Se for anulado o primeiro
matrimônio, por qualquer razão, ou o posterior, por motivo
diverso da bigamia, considera-se inexistente o crime (§ 2º do
artigo 235-CP). Tratando-se de casamento inexistente, ou
seja, entre pessoas do mesmo sexo ou sem o consentimento
válido de uma delas, não há crime pela inexistência jurídica do
matrimônio anterior (crime impossível). O casamento religioso
com exceção do que produz efeitos civis não serve de
pressuposto para o crime de bigamia. A pessoa separada
judicialmente ou desquitada como era anteriormente
designada, não pode contrair novo matrimônio enquanto não
se divorciar.
Tipo subjetivo: O dolo, podendo ser excluído por erro quanto
à vigência do casamento anterior (de tipo art. 20 ou de
proibição art. 21-CP).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Consuma-se no momento e lugar em que se efetiva o


casamento (crime instantâneo e de efeitos permanentes).

É duvidosa a admissibilidade da tentativa, entendendo-se,


quando aceita que o casamento começa com os atos de
celebração excluindo-se a habilitação

Ação penal: Pública incondicionada.

“Pratica bigamia, se contrair novo casamento antes de


divorciar-se” (TJPR, RT 549/351).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Induzimento a erro essencial e ocultação de


impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o
outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A regular formação da família.

Sujeito ativo: O cônjuge que induziu em erro ou ocultou


impedimento.

Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge enganado.


TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do


outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama,
sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por
sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia
grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência;
IV - Revogado
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco
natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado
com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais,
até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio
ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente


de contrair matrimônio, induzindo a erro essencial ou
ocultando impedimento.
Consuma-se no momento da celebração do casamento. A
tentativa é juridicamente inadmissível face à condição de
procedibilidade imposta pelo parágrafo único do comentado
artigo 236 da lei punitiva pátria.

Ação penal: privada, devendo o direito de queixa ser exercido


pelo cônjuge enganado e após o trânsito em julgado da
sentença que anule o casamento por erro ou impedimento,
segundo o disposto no parágrafo único.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Conhecimento prévio de impedimento


Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A regular formação da família.

Sujeito ativo: O cônjuge (ou ambos os cônjuges) que contrai


matrimônio sabendo da existência de impedimento absoluto.

Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge desconhecedor do


impedimento.

Tipo objetivo: O agente se casa sabendo da existência de


impedimento que cause ao ato nulidade absoluta (norma
penal em branco cujo conteúdo carece de complementação
por outra lei).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo subjetivo: É o dolo direto, na vontade livre e consciente


de contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause nulidade. Devido a expressão
“conhecendo”, não se admite dolo eventual.
Havendo erro quanto à existência de impedimento, ocorrerá o
erro de tipo que exclui o dolo e, portanto o próprio crime (Art.
20-CP). Engano quanto ao alcance legal do impedimento
reflete na culpabilidade (Art. 21-CP).
Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes.
Consuma-se com a realização do casamento, ou seja, com o
consentimento formal dos nubentes.

Ação Penal Pública Incondicionada


TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Simulação de autoridade para celebração de casamento


Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração
de casamento:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
crime mais grave.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa ou mesmo o funcionário


público sem atribuição para celebrar casamento.

Sujeito passivo: O Estado, bem como o cônjuge de boa fé.


TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo objetivo: Delito formal cuja conduta é atribuir-se


falsamente competência para celebração de casamento. O
agente fingindo ser juiz de paz, para presidir casamento civil
etc. Consoante o disposto no art. 98, II, da Constituição
Federal, “a justiça de paz, remunerada, é composta de
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei,
celebrar casamentos, verificar, de ofício em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de
outras previstas na legislação”.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Elemento subjetivo: O dolo consistente na vontade livre e


consciente de atribuir-se falsamente autoridade para
celebração de casamento. É necessário o efetivo
conhecimento da falta de atribuição para presidir o ato.
Consuma-se com o simples ato de o agente atribuir-se falsa
autoridade, independentemente da efetiva realização do
casamento.
O crime em comento é uma forma específica do delito de
usurpação de função pública (Art. 328-CP). É de natureza
subsidiária, somente incidindo se o fato não constituir delito
mais grave. Assim, se for praticado visando obtenção de
vantagem, a figura incidente será a do artigo 328 cuja pena é
de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, portanto, mais
grave.
Ação penal: Pública incondicionada inexige condição
procedibilidade
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

http://mais.uol.com.br/view/pj4p9vzv54s1/falso-padre-faz-
casamento-fora-dos-padroes-da-igreja-
04024D1C3660E4B14326?types=V&
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Simulação de casamento
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra
pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: Estado, o contraente ou seu representante


legal iludido.

Consuma-se com a efetiva simulação. Admite-se tentativa.


Poderão ser partícipes o juiz, escrivão, testemunhas ou outras
pessoas.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo objetivo: O núcleo é simular (fingir, representar). O


agente simula casamento mediante engano de outra pessoa. É
necessário, portanto, que o casamento seja simulado
mediante (por meio de) engano de outra pessoa, devendo
esta ser o nubente enganado ou seus responsáveis, na
hipótese de ser necessário o consentimento destes. Se
nenhum deles é enganado, inexiste o delito.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo subjetivo: O dolo ínsito na vontade livre e consciente de


simular casamento, com engano de outra pessoa. Inexiste
modalidade culposa.
Consuma-se com a efetiva simulação e admite-se a tentativa.
Poderão ser partícipes o escrivão, testemunhas ou outras
pessoas.
Este delito do artigo 239-CP é expressamente tipificado como
subsidiário sendo excluído quando constituir meio ou elemento
empregado para a prática de delito maior como para a posse
sexual fraudulenta (art. 215).

Ação penal: pública incondicionada.


TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Registro de nascimento inexistente


Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de
nascimento inexistente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo penal:
O crime de registro de nascimento inexistente está
previsto no art. 241: “Promover no registro civil a
inscrição de nascimento inexistente. Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos”.

Objetividade jurídica:
O estado de filiação e a própria fé pública.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Sujeito do delito:
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, não
abrangendo apenas os familiares. Sujeito passivo:
o Estado.

Tipo objetivo:
Promover: provocar a inscrição de nascimento
inexistente ou realizar o registro de natimorto.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade de fazer falsa
declaração de nascimento.

Consumação:
Consuma-se inscrição no registro civil, com a falsa
declaração. Tratando-se de crime plurissubsistente,
isto é, crime cuja a conduta pode ser dividada, a
tentativa é admitida.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Parto suposto. Supressão ou alteração de


direito inerente ao estado civil de recém-
nascido (Adoção à Brasileira)
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido
ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito
inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo
de reconhecida nobreza:
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz
deixar de aplicar a pena.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Objetividade jurídica:

O estado de filiação e a fé pública.

Sujeitos do delito:

Sujeito ativo: no primeiro tipo (dar parto), o sujeito


ativo só pode ser a mulher; nos outros tipos, tanto
pode ser o homem ou a mulher. Sujeito passivo:
normalmente, é o recém-nascido, mas pode ser a
criança com registro tardio. Inclui também o Estado
(fé pública).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo objetivo:

1. Dar parto alheio como próprio: como crime próprio,


sujeito ativo é a mulher que assume falsamente a
maternidade. Admite a participação da mãe verdadeira.
2. Registrar como seu o filho de outrem. Essa modalidade
é a mais comum, pois, ao invés de adotar o recém-nascido
pela via judicial, prefere fazer diretamente, registrando em
seu nome filho de outra pessoa. É a chamada adoção à
brasileira. As duas modalidades podem ocorrer
sequencialmente: a mulher se nomeia como a pessoa que deu
à luz e registra a criança em seu nome. O crime de falsidade
ideológica neste caso é absorvido pelo crime do art. 242 do
CP. Neste caso, o crime continua único, aplicando-se o
princípio da alternatividade: o agente pratica dois verbos, mas
é admitida conduta única, havendo um único intercriminis;
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo objetivo:

3. Ocultar recém-nascido: esconder o neonato;


4. Substituir recém-nascido: implica a troca.
Damásio (Código Penal anotado, p. 805) entende como tipo
misto cumulativo, aplicando-se o concurso material.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo subjetivo:

O dolo, consistente na vontade de praticar uma das


quatro condutas acima mencionadas. Na ocultação
ou substituição, inclui-se o dolo específico de
suprimir ou alterar direito de filiação.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Consumação:

1. A primeira conduta consuma-se com a


apresentação da mulher como se fosse mãe
verdadeira;
2. A segunda conduta, com o afetivo registro civil
no cartório;
3. A terceira e quarta condutas, com a ocultação, a
substituição ou a efetiva supressão ou alteração da
filiação.
Não se consuma o delito, por exemplo, se o agente
esconde o neonato, mas é descoberto e o registro é
feito corretamente. A tentativa é admitida como
nesta última hipótese.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Forma privilegiada (art. 242, § único):

O crime é privilegiado (com pena-base menor) se


praticado por motivo de reconhecida nobreza. A
hipótese também abrange a possibilidade de perdão
judicial.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Sonegação de estado de filiação


Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra
instituição de assistência filho próprio ou alheio,
ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra,
com o fim de prejudicar direito inerente ao estado
civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Objetividade jurídica:
A família e o direito de filiação.

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: os pais, quando se trata de filho próprio,ou
qualquer pessoa, quando se tratar de filho alheio. Sujeito
passivo: o Estado e o menor.

Tipo objetivo:
Deixar: abandonar a criança. Embora o Código fale em asilo
de expostos, hoje se refere a instituições de caridade, de
abrigamento de crianças e adolescentes. O agente deve
ocultar a filiação (afirma desconhecer quem é o pai) ou
atribuir outra filiação (afirma que tal filho é de Maria quando
na verdade era de Joana).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade livre e consciente de
abandonar o menor em uma instituição, acrescido do dolo
específico de prejudicar o estado de filiação.

Consumação:
Ocorre com o abandono do menor somado à ocultação ou
falseamento de atribuição da filiação. Admite-se a tentativa,
mas se não houver prova de que o agente desejasse provocar
prejuízo ao estado de filiação, a conduta é desclassificada para
os delitos dos arts. 133 e 134 do CP.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto
para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60
(sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos
necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem
justa causa, de socorrer descendente ou ascendente,
gravemente enfermo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de
uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo
solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por
abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento
de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica:
A proteção à família como garantia de alimentos (o tipo foi
alterado pela Lei nº 5.478/68).

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: a pessoa que possui o dever legal de assistir
materialmente o sujeito passivo, inclusive a mulher. Se o
empregador deixar de prestar as informações necessárias ao
processo de alimentos, não será partícipe, mas autor do crime
do art. 22 da Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/69). Sujeito
passivo: a pessoa que deve ser assistida. Quanto aos filhos, o
dever se limita até os 18 anos, momento em que cessa o
poder familiar; exceto quando inapto para o trabalho.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:
1. Deixar sem justa causa a subsistência do sujeito passivo:
os alimentos são denominados stricto sensus e não no sentido
amplo que a lei civil fornece. Significa que a subsistência
ficará afetada se não houver alimentos para remédios, mas
não estará se não foi fornecido para o lazer;
2. Falta de pagamento de pensão alimentícia fixada pelo juiz
civil: deve-se aguardar todo o trâmite do processo de
alimentos, caracterizando a falta quando da execução. A
existência de prisão civil não afasta o crime, mas permite a
detração do tempo cumprido (Victor Eduardo Rios Gonçalves,
Dos crimes contra os costumes aos crimes contra a
administração, p. 45) em razão de analogia in bonam partem
da prisão administrativa (Celso Delmanto et al., Código penal
comentado, p. 82);
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:
3. Falta de amparo a ascendente ou descendente enfermo: o
tipo refere-se à falta de medicamentos, ida ao hospital etc.
Incluem-se também as pessoas envolvidas em união estável;
4. Frustração ou impedimento de pagamento de pensão (art.
244, § único). Ocorre com o abandono de emprego ou função
(§ único). Inocorre o crime com a existência de justa causa
(elemento normativo do tipo é aquele que depende de uma
apreciação do juiz, por exemplo, o que é justa causa?).
Agente desempregado (RT 744/659), doente (RT 553/376) ou
sem recursos (RT 543//380). Não é admitida como justa
causa a insolvência que não é provada (RT 433/424)
(Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer et al., Resumo de
direito penal, parte especial, p. 150).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar
uma das quatro condutas acima elencadas.

Consumação:
Como se trata de crime omissivo-próprio (previsto como tipo
penal) consuma-se quando o agente deixa de prover a
subsistência, exigindo-se a permanência da conduta
(demonstrações reiteradas de inadimplemento) ou quando
não efetua o pagamento da pensão. Tem-se entendido que se
trata e crime permanente, o que permite a prisão em
flagrante do agente. Ressalte-se que, uma vez consumado, o
posterior adimplemento (pagamento) das obrigações não
exclui o crime. A tentativa, tratando-se de crime omissivo,
não é admitida.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Entrega de filho menor a pessoa inidônea


Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa
em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica
moral ou materialmente em perigo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o
agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é
enviado para o exterior.
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem,
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a
efetivação de ato destinado ao envio de menor para o
exterior, com o fito de obter lucro.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica:
A tutela da criança ou do adolescente.

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio podendo apenas ser
praticado pelo pai ou pela mãe, vez que o código fala em
“entregar filho”, de forma a limitar a conduta ao pai ou a mãe.
Como crime próprio e não de mão-própria, admite-se a
coautoria (aquele que entrega junto) ou a participação
(aquele que, por exemplo, empresta o veículo – auxilio
material). Pai é aquele que consta da certidão de nascimento
da criança ou adolescente, sendo assim, não responde o pai
natural que não assumiu a criança ou adolescente. Sujeito
passivo:o filho menor de 18 anos, pois maior dessa idade não
está mais submetido ao poder familiar.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:
Entregar: não tem conotação de definitividade, admitindo a
entrega por breve período. Abrange tanto a guarda
(transferência da posse que pode ser judicial ou de fato) ou o
cuidado (posse breve). Embora seja crime de perigo, este é
concreto, exige a demonstração do prejuízo moral (deixar com
prostituta, com criminoso) ou material (deixar com
tuberculoso).
Tipo subjetivo:
O tipo subjetivo comporta duas modalidades: (1) o tradicional
dolo que é a vontade de entregar o filho, sabendo do perigo
de colocar sob os cuidados de pessoa inadequada; (2) e
também o dolo eventual, expressada no “deve saber”. Aqui
existe a exigência da previsibilidade. Embora o evento não
seja previsto, o “homem médio” é capaz de prever a
inadequação de deixar com determinada pessoa. Há posição
minoritária indicando o “deve saber” como culpa.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Consumação:
Consuma-se o delito, uma vez se tratando de crime de perigo,
com a simples entrega, desde que esta seja inadequada. A
tentativa é admitida.
Qualificadoras:
O crime qualificado está previsto no art. 245, § 1º: A pena é de 1
(um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito
para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
1. Lucro é a vantagem econômica do agente. Trata-se do
elemento subjetivo do injusto ou dolo específico. O exemplo é de
entregar a criança ou o adolescente para pedir esmolas;
2. O envio para o exterior, exigindo-se a efetiva saída para outro
país.
O art. 245, § 2º (incorre, também, na pena do § anterior quem,
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação
de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de
obter lucro) foi revogado tacitamente pelo art. 239 do ECA.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Abandono intelectual
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à
instrução primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica:
Tutela-se o direito à educação (primária).

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: tratando-se de crime próprio , já que a lei fala
em “filho”, somente podem agir como sujeito ativo os pais. E
também de mão própria, pois só os pais podem ser autores,
não existindo coautoria. No entanto, inclui também aquele que
não está com a guarda; basta possuir o poder familiar. O tipo
permite que estranho seja partícipe, instigando, induzindo ou
auxiliando. Exemplo: pessoa muito amiga do pai diz
continuamente que é besteira matricula seu filho em escola.
Em razão disso, pai deixa de matricular o filho. Sujeito
passivo: o filho em idade escolar (4 aos 17 anos) (Lei nº
9.394/96, art. 6º com a redação fornecida pela Lei nº
12.796/2013).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:
Deixar de prover a instrução primária: deixar de providenciar
(crime omissivo). Já se entendeu que a condição econômica
extrema pode afastar o crime (RT 275/601). A falta de vaga
também torna atípica a conduta (JUTACRIM 22/376).

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade de não prover a instrução de
primeiro grau. Frise-se que, nas camadas mais humildes da
população, não se caracteriza o dolo, mas verdadeiro crime
culposo, furto da negligência ou desconhecimento do
mandamento legal.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Consumação:
Consuma-se o delito com a prática de conduta omissiva
inequívoca (o que exige certo lapso de tempo) para consumar
o delito em face de filho em idade escolar (a partir de 4 anos).
Se o pai, estando a criança com sete anos, não a matricula no
ensino primário, comete o crime de abandono intelectual. A
tentativa não é admitida, tratando-se de crime omissivo
impróprio.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito


anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda
ou vigilância:
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou
conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou
de ofender-lhe o pudor, ou participe de
representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a
comiseração pública:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica:
A moral da criança ou do adolescente.

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: os pais, tutores e também quem
possui a guarda ou a ele foi confiado o menor,
como os professores, os responsáveis por
“acampamentos de férias” etc. Sujeito passivo: é o
menor de 18 anos.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:

1. Permitir frequência em casa de jogo ou má afamada:


significa consentir com a frequência de menor em boate,
prostíbulo etc. Uma vez exigida a frequência, é preciso uma
reiteração (várias idas) para que a conduta seja penalmente
relevante. Assim, trata-se de crime habitual;
2. Permitir a frequência em espetáculos que possam causar a
perversão ou ofensa ao pudor ou, ainda, permitir a
participação de representação dessa natureza. Ocorre por
exemplo quando o agente permite que a criança ou
adolescente assista ao filme ou à peça teatral com violência,
em desacordo com a faixa etária estipulada. A segunda forma
de permitir a participação em representação teatral, de
cinema e televisão pune também o produtor ou o ator através
do art. 240 do ECA;
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:

3. Permitir a residência ou o trabalho em casa de prostituição.


Pode ser cometido pela própria prostituta que permite que o
filho more em sua companhia;
4. Permitir que o menor mendigue ou sirva a mendigo,
excitando a comiseração pública, a compaixão através de
métodos, como a exposição de defeito físico, de trajes etc.
Basta a omissão para caracterização dos delitos, não se
exigindo também o fito do lucro.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade de permitir ou tolerar qualquer
das quatro possibilidades acima descritas.
Consumação:
A consumação pode-se dar por duas formas: (1) o responsável
primeiro consente e depois o ato é realizado; (2) o ato é realizado e
depois o responsável consente. No primeiro caso, o crime se
consuma com uma das condutas. Nota-se que todas as condutas
contêm o caráter de habitualidade, com exceção da participação de
representação que admite por exemplo a participação uma só vez.
Nesse caso, com uma só vez, consumou-se o crime (Damásio,
Código penal anotado, p. 818). Nos demais casos, a vítima realiza a
conduta e depois o responsável consente. Nesse caso, o crime só se
consuma com o assentimento. Exemplo: filho freqüenta casa de jogo
e o pai, sabendo depois, permite. Nesse caso, a tentativa não é
admitida para a doutrina (Cezar Roberto Bitencourt, Tratando de
direito penal, parte especial, v. 4, p. 158).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou


sonegação de incapazes
Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou
interdito, a fugir do lugar em que se acha por
determinação de quem sobre ele exerce autoridade,
em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a
outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador
algum menor de dezoito anos ou interdito, ou
deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem
legitimamente o reclame:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Objetividade jurídica:
Tutela-se o direito ao poder familiar, à tutela e à
curatela e também os incapazes.

Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: qualquer pessoa, podendo ser os pais
que, por exemplo, tiverem o poder familiar
suspenso. Sujeito passivo: o pai, tutor, o curador e
o incapaz. Na expressão “pai” inclui-se a mãe
(interpretação extensiva).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Tipo objetivo:
Induzimento à fuga: nesse caso, o agente faz
nascer a ideias ao incapaz de fugir. Exemplo:
sugerir ao menor que fuja da casa onde reside com
os pais.
Entrega arbitrária: nesse caso, o agente entrega a
outra pessoa não autorizada a receber o incapaz.
Sonegação de incapaz: nesse caso, o agente deixar
de entregar, sem justa causa, a quem
legitimamente o reclama. Nessa hipótese, o agente
possui a posse do incapaz, mas se recusa a
entregar a quem de direito o requer.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Tipo subjetivo:
O dolo, consistente na vontade de praticar uma das
três condutas antes mencionadas.

Consumação:
Consuma-se o delito com a fuga e não com o
simples convencimento, exigindo um real
afastamento e uma certa duração. Na segunda
conduta, com a entrega e na terceira, com a recusa
em entregar. A tentativa é permitir nas duas
primeiras condutas, mas não na terceira, já que se
trata de crime omissivo puro.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Subtração de incapazes
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou
interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda
em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o
fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor
ou curador do interdito não o exime de pena, se
destituído ou temporariamente privado do pátrio
poder, tutela, curatela ou guarda.
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do
interdito, se este não sofreu maus-tratos ou
privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Objetividade jurídica:

Tutela-se o direito à guarda resultante de lei ou de


ordem judicial. O art. 33, “caput” do ECA prevê o
direito de oposição a terceiros, inclusive aos pais.

Sujeitos do delito:

Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: o


pai, o tutor, o guardião, o curador e o incapaz.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Tipo objetivo:
Subtrair significa retirar o incapaz. Existe o crime
mesmo diante da concordância do incapaz. Comete
tal delito o pai que se aproveita de visita aos filhos
e os subtrai da guarda da mãe (RT 520/416).

Tipo subjetivo:
O dolo, bastando a vontade de retirar da vítima o
incapaz.
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Consumação:
Consuma-se o delito com a subtração. A doutrina
entende como crime instantâneo. Mas Mirabete entende
como crime permanente, sendo que a consumação se
prolonga no tempo (Mirabete, Manual de direito penal,
parte especial, v. 3, p. 52). A tentativa é possível.

Conflito aparente de normas e subsidiariedade:


A subtração só permanece, inexistindo outro delito.
Existindo outro delito como o de extorsão, não
permanece, aplicando-se o princípio da subsidiariedade
por força do próprio tipo (“se o fato não constitui
elemento de outro crime”).
TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Perdão judicial (art. 249, § 2º, do CP):


Havendo restituição, sem maus-tratos ao incapaz, o juiz
pode aplicar o perdão judicial, ou seja, deixa de aplicar
a pena. A restituição deve ser ao menor e deve ser
voluntaria, isto é, pode ser sugerida por outro, mas
deve ser feita pelo agente por sua própria vontade.

You might also like