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O Nome da Rosa

Umberto Eco

Plano Nacional de Leitura


10ºano
Francisco Coelho
Umberto Eco
• Nasceu dia 5 de janeiro de 1932 , em Alexandria na Itália ;
• Faleceu dia 19 de fevereiro de 2016 ;
• Foi escritor , filósofo , semiólogo , linguista , bibliófilo italiano ;
• Os romances mais conhecidos são “ O Nome da Rosa “ e “ O Pêndulo de Foucault .
O Nome da Rosa

• O livro foi publicado em 1980.


• Enquadra-se no género do romance com temáticas :
-da investigação criminal,
-da História da Idade Média,
-da Religião,
-da filosofia, entre outras.
O Nome da Rosa : Uma curiosidade
• O livro não está dividido em capítulos, mas sim em dias.
• São 7 dias divididos em horas correspondentes ao ritmo de vida dos monges e das suas liturgias:
-Matinas (entre as 2h30 e as 3h00 da manhã),
-Laudas (entre as 5h00 e as 6h00 da manhã),
-Primas (cerca das 7h30 antes da aurora),
-Terças (cerca das 9h00),
-Sexta (ao meio dia),
-Nona (entre as 14h00 e as 15h00),
-Vésperas (cerca das 16h30, ao pôr do sol),
-Completas (antes das 19.00) ao deitar dos monges.
O Nome da Rosa: contexto
• O enredo desenvolve-se na ultima semana de 1327, numa abadia da Itália medieval.
• A morte de sete monges em sete dias e noites, cada um de maneira mais insólita do que o outro (um
deles, num barril de sangue de porco), é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação.
O Nome da Rosa: sinopse

• O narrador é Adso Melk, um monge beneditino que recorda, já velho, os acontecimentos


narrados, na altura em que era então um noviço que percorria a Itália na companhia de Frei
Guilherme de Baskerville, Monge franciscano e conselheiro do Imperador, antigo inquisidor
britânico.
O Nome da Rosa: sinopse

• Chegada à Abadia para resolver um problema religioso


• Confrontados com a morte de Adelme o primeiro monge encontrado morto, o Abade pede-lhes ajuda para investigação dessa
morte
• Morte: queda do telhado da Biblioteca
• Biblioteca: torna-se elemento central da investigação e da obra
• Guilherme de Barkerville é uma espécie de Sherlock Holmes da Idade Média, ajudado pelo seu amigo Adso tal
Watson
• Mistério da morte amplifica-se com a morte de um monge a cada um dos 7 dias (7 capítulos do livro): as vítimas aparecem
sempre com os dedos e a língua roxos
O Nome da Rosa: o Título
• A expressão “O Nome da Rosa” foi usada na Idade Média transmitindo o poder infinito
das palavras.
• Rosa: simbolismo
• mesmo que não esteja presente no livro é o elemento central desse romance,
• é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número,
códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através
dos séculos.
O Nome da Rosa: a Biblioteca

• O pensamento dominante, que queria continuar dominante, impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que
seja, salvo os escolhidos. Em O Nome da Rosa, a Biblioteca era um labirinto e quem conseguia chegar à sua
saída era morto. Só alguns tinham acesso.
• É uma alegoria de Umberto Eco, que tem a ver com o pensamento dominante da Idade Média, dominado
pela igreja.
• A informação restrita a alguns poucos representava dominação e poder. Era a idade das trevas, em que se deixava na
ignorância todos os outros.
O Nome da Rosa: a Inquisição
• Quando William de Baskerville começa a investigar o caso, muitos religiosos acreditam que é obra do Diabo.
• William de Baskerville não partilha dessa opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui , o
Inquisidor Mor, chega à Abadia local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido
assassinatos em nome do Diabo.
• Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente
influenciados.
• Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos
assassinatos é lentamente solucionado.
O Nome da Rosa: cisão na Igreja
• Conflitos no seio da Igreja, a cristandade está em crise.
• O Papa João XXII (Jacques de Cahors) luta contra o Imperador Luís da
Baviera e contra os inimigos internos à Igreja, aqueles que desejam reformar a Igreja.
• Os hereges são perseguidos pela inquisição.
• Os franciscanos são acusados de traição contra o Papa, pois viam a pobreza de Cristo como algo
para fazer renascer o bom nome da cristandade.
O Nome da Rosa: o Diabo
• Frente às mortes horrendas dos monges:
• -Adelmo: suicídio
• -Venâncio: envenenado e encontrado morto em sangue de porco
• -Berangário: envenenado
• -Severino: morto por Malaquias
• -Malaquias: envenenado
• -Salvatore: queimado em auto-de-fé
• -Jorge de Burgo: incendeia a Biblioteca, toma veneno e morre queimado
• Os outros monges e o Inquisitor Mor acusam o Diabo de tais feitos.
O nome da Rosa e O Auto da Feira
• Para além da componente policial, o romance desenvolve profundamente a componente histórica dando a
conhecer os conflitos e debates da época no que diz respeito à religião e às crises que aí surgiram naquela
época.
• É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores religiosos, os conflitos no seio dos movimentos
heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta da história da humanidade
• Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida e muitas
vezes depois são mortas.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira
• É nesse preciso ponto que posso dizer que existe articulação com
o Auto da Feira de Gil Vicente que representa também uma crítica religiosa e social
apresentando a crise que afeta toda a cristandade e a própria Igreja precisamente dois séculos depois
da ação de O Nome da Rosa, em 1527.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira

• O Auto da Feira de Gil Vicente foi escrito em 1527 (2 séculos depois da narração de O
Nome da Rosa)
• O Auto da Feira é um Auto Religioso e mais especificamente um auto de moralidade.
• Também é um auto alegórico visto as personagens do Diabo, de Roma , do Tempo e
Serafim serem personagens alegóricas.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira:
conflitos religiosos
• Tal como O Nome da Rosa surge com uma ação decorrente numa disputa religiosa, o Auto
também foi representado numa altura muito conturbada em termos religiosos, visto no período da
Reforma e da Contrarreforma, no seguimento das quais os princípios da fé católica se renovaram
com o concílio de Trento e a instituição do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) que
controlava todos os hereges. “O Róma,/sempre vi lá/ que matas pecados cá/ e leixas viver os
teus”.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira:
Roma
• A crise religiosa papal também é sublinhada no Auto, com as referências alegóricas a Roma que
simboliza a corte do Papa e a Cristandade envolta em conflitos e corrompida por bem materiais:
“oh! Vendei-me a paz dos céus/pois tenho o poder na Terra”
• A crise em O Nome da Rosa manifesta-se pela troca de centro para a corte do Papa,
passando de Roma a Avinhão, e os conflitos do Papa com o Imperador Luís o Bávaro, e
os franciscanos a quererem voltar ao estado de pobreza pregado por Deus, enquanto no Auto,
Roma quer comprar: “paz, verdade e fé”.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira:
Roma
• Roma não está preparada para conseguir a paz a troco de santa vida como Serafim lhe propõe,
mas o Tempo oferece-lhe um espelho da Virgem Sagrada, para ela ter plena consciência de
como são os bens espirituais reais. (vv487-493)
• Tal também acontece em O Nome da Rosa visto o Inquisidor mandar queimar Salvatore
e a jovem por quem Adso se apaixona (mas que se salva), sendo que não se adequam aos
mandamentos cristãos, acabando por morrer ele próprio pelas mãos do povo, podendo simbolizar a
recusa desse tipo de religião.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira:
o Diabo
• É também retomada, nas duas obras, a figura do Diabo.
• No Auto, o Diabo é a alegoria da tomada de consciência de que a Cristandade não cumpre
com os seus verdadeiros valores, dizendo que não força ninguém a comprar-lhe o que vende, e dá
alguns exemplos de quem lhe compra serviços: “se me vem comprar qualquer/ clérigo, ou leigo, ou
frade/ falsas manhas de viver,/ muito por sua vontade;/ senhor, que lh’hei de fazer?”, demonstrando
a corrupção dos religiosos.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira
o quotidiano
• Temos no Auto da Feira, a representação do quotidiano através da vivência numa feira. Faz-
se uma crítica religiosa e social da decadência da sociedade quinhentista, desprovida de valores
religiosos e morais.
• Tal como se critica na obra de Eco a troca de favores sexuais por comida, também Vicente
critica a falta de comportamentos dignos e a perda das virtudes (faltando-lhes “as santidades” e tendo
“toda a glória de viver/das gentes é de ter dinheiro”), e as trocas entre Roma e o Diabo,
referente as compras de indulgências de que eram acusados os católicos, desta através da semana
típica numa Abadia.
O Nome da Rosa e O Auto da Feira
o riso
• Não querendo revelar o fim da história totalmente, posso só dizer que os crimes estão ligados ao mistério da
Biblioteca, dos livros e de um sítio segredo que se encontra no scriptorium, onde os monges eruditos
transcreviam os textos sagrados, o Secretum Finis Africae.
• Nesse quarto, está guardado a chave de toda a intriga, que é um livro de Aristóteles sobre o humor e o
riso, fazendo parte do Livro II da Poética. Esse livro representa para os monges e para Roma, o
livro máximo dos pecados pois encerra o segredo da alegria e da felicidade.
• Fez-me lembrar a forma como Gil Vicente criticava a sociedade vicentia: Ridendo castigat mores”,
rindo criticando a moralidade.
O Nome da Rosa
• Embora seja um livro muito denso e de leitura relativamente difícil, é interessante a forma como a narrativa
é construída.
• As personagens principais sendo personagens típicas da Idade Média e representando o lado mais
científico (monge franciscano) dessa mesma época, assemelham-se muito à dupla Sherlock
Holmes/Watson do escritor Arthur Conan Doyle.
• Gostei também do facto de se ligar com o nosso programa atual de história.
• Mais, é um livro que teve uma adaptação cinematográfica bastante boa pelo que eu li nas críticas. Ainda
não tinha nascido quando estreou.
Bibliografia
• O Nome da Rosa, Umberto Eco, 7ª edição, Difel, Cacém
• Sentidos, 10ºano, Asa editora
• O Auto da Feira, ppt Entre Nós e as Palavras 10º ano, Santillana, slideshare.net
• O Nome da Rosa, Filme, Jean-Jacques Annaud, 1987

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