Acesso à justiça como garantia fundamental – a lei [e isso
significa, preponderantemente, o Poder Legislativo] não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
O acesso à justiça é uma garantia dos cidadão contra violações
ou ameaças a seus direitos, inclusive e principalmente aquelas originadas do próprio Estado (Legislativo e Executivo).
Garantia prevista nas principais Convenções de Direitos
Humanos (Declaração Universal, Pactos Internacionais da ONU, Convenção Americana). O QUE SIGNIFICA TER “ACESSO À JUSTIÇA”
Basta a “apreciação do Poder Judiciário...”?
Conceito clássico (formalista) – Acesso ao tribunal (acesso a
uma decisão), assistência judiciária gratuita (Defensoria Pública) e celeridade (demanda do Banco Mundial – EC/45).
Conceito moderno (democrático e constitucional) – Agrega aos
aspectos formais uma dimensão material, ou seja, uma noção de acesso à justiça como direito a uma “decisão justa”, apta a pacificar os conflitos sociais e garantir os direitos fundamentais em risco. Esse segundo começa a ser desenvolvido, no Brasil, apenas depois de 1988 e aos poucos começa a aparecer na retórica dos tribunais.
Em 2008, realizou-se, no Brasil, a XIV Cúpula Judicial
Iberoamericana. Na Declaração de Brasília sobre acesso à justiça, assinada pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça brasileiro e dezenas de outros Presidentes de Tribunais Superiores e Cortes Supremas Ibero Americanas, consta o seguinte:
“CONVICTOS da transcendental importância que nas nossas
sociedades tem o acesso à justiça, entendido não só como acesso aos tribunais, mas também como o acesso ao exercício pacífico e pleno dos direitos, e, em especial, dos direitos fundamentais, bem como as diversas alternativas para a resolução pacífica dos conflitos.” GRUPOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
Grupos vulneráveis – principais destinatários dos direitos
humanos – direitos humanos como ultima ratio (último recurso) daqueles que viram seus direitos serem negados nas mais diversas vias institucionais ordinárias (as vítimas da violência institucionalizada).
As regras de Brasília sobre acesso à justiça de pessoas em
situação de vulnerabilidade definem um conceito desses grupos
“…Se consideram em condição de vulnerabilidade aquelas
pessoas que, em razão de sua idade, gênero, estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas e/ou culturais, encontram especiais dificuldades para exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico.” E continua:
“…Poderão constituir causas de vulnerabilidade, entre
outras, as seguintes: a idade, a incapacidade, o pertencimento a comunidades indígenas ou a minorias, a vitimização, a migração e o deslocamento interno, a pobreza, o gênero e a privação da liberdade.” O QUE IMPEDE O ACESSO À JUSTIÇA?
Uma palavra sobre o Judiciário brasileiro e os direitos
humanos: “insensibilidade”.
Na retórica, diz a Carta de Brasília...
“Afirmamos nosso compromisso com um modelo de justiça
integrador (?), aberto a todos (?) os setores da sociedade, e especialmente sensível (?) com aqueles mais desfavorecidos ou vulneráveis (?).”
Por outro lado, na realidade, nos deparamos com os seguintes
obstáculos. Por que se diz que o Judiciário é “insensível” aos direitos humanos?
1. Direitos humanos – e principalmente os Dhesca – são
direitos políticos e envolvem conflitos sociais – O Judiciário historicamente procurou se manter “neutro” e “distante” das questões sociais.
2. O Judiciário deve assumir sua função (política) de serviço
público e instituição garantidora dos direitos fundamentais e solucionadora de conflitos coletivos, para além de mero órgão burocrático de aplicação de leis.
3. Para isso, juízes, devem, antes de qualquer outros agentes
políticos, serem humanísticas. Devem compreender de maneira mais próxima o sofrimento humano. Por que se diz que o Judiciário é “insensível” aos direitos humanos?
Os agentes da justiça, em geral, não possuem formação em
direitos humanos e não se “identificam” com os problemas da população, salvo “raras exceções” (...vimos algumas no Xingu).
A postura distante do Judiciário deve mudar !!! Pois, embora
os juízes não se mostram preocupados com as demandas sociais, essas demandas avançam portas adentro dos tribunais.
A importância do controle social do Judiciário.
O déficit de controle dos tribunais de 2ª instâncias. As relações políticas nos tribunais e as influências do Executivo e do Legislativo. DIREITO A UM MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO E À SAÚDE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Os direitos à vida, ao meio ambiente equilibrado e à saúde (sadia
qualidade de vida) estão inteiramente ligados.
O meio ambiente inclui ainda o “patrimônio cultural brasileiro”,
formado pelos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (art. 216). § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas.
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. (...) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Meio Ambiente e Economia
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (...) Meio Ambiente e Saúde pública A saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196 da CF/88).
Para executar as políticas públicas em saúde e prestar o
atendimento médico-hospitalar, a Constituição estruturou o Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre as atribuições do SUS, encontramos: executar ações de
vigilância sanitária e epidemiológica; formulação da política e execução das ações de saneamento básico; colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Seria interessante que o SUS interviesse nos processos de
licenciamento, quando estiverem em jogo questões de saúde pública? UM BREVE OLHAR SOBRE O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Princípios do licenciamento ambiental
1. Princípio da precaução/prevenção.
2. Princípio da informação.
3. Princípio da democracia ambiental (gestão compartilhada