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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMPUS ANGICOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS,TECNOLOGICAS
E HUMANAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PROBLEMAS ESTRUTURAIS CAUSADOS POR FALTA OU FALHA NA IMPERMEABILIZAÇÃO NA


REGIÃO DO SEMI ÁRIDO

Thallis Thauan Azevedo de Sousa

Orientador: Professor Dra. Andreza Kelly C. Nóbrega

Angicos - janeiro 2015 1


Objetivos
 Pesquisar os tipos de impermeabilizações mais comuns em construções tipo residências
unifamiliares, considerando as classificações recomendadas.

 Identificar as principais patologias que ocorrem nas construções: Devido aos erros de
projeto; devido à execução ou devido ao desempenho da impermeabilização.

 Analisar os métodos mais fáceis e viáveis economicamente para corrigir as


patologias encontradas.

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Justificativa
• Presença de patologias em edificações por falha ou falta na impermeabilização;

• Prevenção á problemas relacionados aos revestimento e estrutura;

• Diagnosticar a causa do aparecimento de tais patologias;

• E por fim descrever procedimentos para reparação dessas patologias.

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Contexto Histórico da Impermeabilização

Impermeabilização na Roma antiga com albumina através do uso de


clara de ovo segundo Picchi (1986).

No século XX, segundo a SIKA INFORMATION (1991), foram


confeccionadas impermeabilizações que usavam piche de alcatrão e
asfaltos de hulhas combinados com asfaltos naturais e armados com
papelão e tecidos.

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Contexto Histórico da Impermeabilização no
Brasil

 Segundo Moraes (2002), os primeiros serviços impermeabilizantes foram


realizados em fortes em Salvador-BA e Natal-RN.

 Pozzoli (1991), cita que foram encontradas e demolições em Recife, Santos e São
Paulo impermeabilizações feitas de jornal e piche.

 Nos anos 60, segundo Picchi (1986), desenvolve-se o uso de elastômeros


sintéticos.

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Impermeabilização
Classificação:

Segundo a NBR 9575/2003, impermeabilização é o produto que resulta de um


conjunto de componentes e serviços que tem por finalidade proteger as construções
contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade.

Segundo Righi (2009) a impermeabilização tem importância fundamental na


durabilidade das construções protegendo de agentes trazidos pela água.

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Impermeabilização
Custa em torno de 1 a 3% do valor total da obra.

Figura 1: Porcentagem de investimentos nas edificações.

Fonte: (VEDACIT, 2009, P.6)


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Impermeabilização
Para Hussein (2013), a impermeabilização fica mais cara quando é implantada com
atraso.
Figura 2: Custo de impermeabilização x quando é executada.

Fonte: (Adaptado de ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO, 2005)


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Impermeabilização
Materiais:

Impermeabilização rígida:
Cristalizantes
Argamassas impermeáveis
Argamassa polimérica
Cimento polimérico
Epóxi

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Impermeabilização
Materiais

Impermeabilização flexível:

Membranas

Mantas

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Impermeabilização
Membranas:

De asfalto Acrílica

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Impermeabilização
Mantas:

De asfalto PVC

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Impermeabilização
Normalização:

 NBR 9574/2008 – Execução de impermeabilização;

NBR 9575/2010 – Seleção e Projeto.

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Impermeabilização de estruturas de concreto
Segundo Botelho (2004), a água também é inimiga do concreto armado pois as
suas estruturas em contato permanente com a água podem sofrer ataque em suas
armaduras. O autor ainda atenta para os seguintes cuidados que podem ser
tomados para melhor resistência do concreto ao ataque da umidade:

Trabalhar com concretos com baixa relação água/cimento, o que significa trabalhar com concretos
de alto FCK.
Com a posição das armaduras, para que as mesmas não fiquem próximas a face do concreto;
Com o cobrimento, para que o mesmo seja adequado e usar também produtos impermeabilizantes
como vernizes e mantas;
Utilizar produtos como hidrofugantes na preparação do concreto, deixando assim o concreto mais
impermeável;
Realizar no concreto uma boa cura, pois a mesma sendo bem feita aumenta significativamente a
resistência a penetração da água no concreto. 14
Impermeabilização de estruturas de concreto
Tabela 1: Tabela 3 do item 7.4.2 da NBR 6118/2003 relacionando o fator água/cimento com a classe
do concreto.

Classe I Classe II Classe III Classe IV

Relação água/cimento ≤0,65 ≤0,60 ≤0,55 ≤0,45

Classe do concreto (fck, ≥20 ≥25 ≥30 ≥40


Mpa)

Fonte: NBR 6118/2003


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Sistemas impermeabilizantes
Segundo SILVA e OLIVEIRA (2006), os sistemas são:

Rígidos

Flexíveis

Os autores supracitados definem aplicações e exemplos dos sistemas


no slides posteriores.

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Sistemas impermeabilizantes rígidos
Aplicação:

 Recomendada para partes mais estáveis da edificação como fundações, pisos


internos em contato com o solo, contenções e piscinas.

Exemplos:

 Argamassas impermeabilizantes
 Cimentos poliméricos
 Cristalizantes
 Resinas epóxi
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Sistemas impermeabilizantes flexíveis
Aplicações:

São mais indicados para estruturas sujeitas a movimentações, vibrações, insolação


e variações térmicas. Portanto são mais utilizadas em lajes, terraços e reservatórios
elevados.

Exemplos:

Membranas asfálticas
Mantas de PEAD, PVC, EPDM.
Membranas de poliuretano, poliureia, resinas acrílicas, etc.

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Projeto de impermeabilização
Para Mello (2005), o projeto de impermeabilização deve estar contido no projeto de
uma edificação assim como os demais (elétrico e hidráulico por exemplo), pois a
impermeabilização deve ser estudada e adequada a todos os componentes de uma
construção, não sofrendo assim interferências.

A NBR 9575:2003 divide o projeto de impermeabilização em dois:

Projeto Básico

Projeto Executivo

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Patologias
Segundo Lersch (2003), são problemas ou até mesmo doenças propriamente ditas
que uma edificação pode apresentar.

Dentre as principais manifestações patológicas, Storte (2011) as divide em dois


grupos:

 Grupo 1. Manifestações provocadas pela infiltração d’água, devido à ausência ou


falha da impermeabilização.

 Grupo 2. Manifestações originárias do processo construtivo, que podem provocar


danos à impermeabilização.

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Patologias
Grupo 1:
 Corrosão de armaduras

 Carbonatação

 Eflorescências

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Patologias
Grupo 2:
Trincas e fissuras que são causadas por:

 Variações térmicas

 Deformação excessiva da estrutura

 Recalques diferenciais

 Falhas de concretagem

 Recobrimento das armaduras

 Chumbamento das peças 22


Metodologia da pesquisa
Esse trabalho será baseado em três tipos de pesquisas:

 Exploratória, utilizando os levantamentos bibliográficos feitos através de pesquisas


em livros, revistas, teses, normas técnicas e dissertações sobre o assunto;

 Descritiva, onde serão realizadas visitas em residências e observada a presença de


patologias resultantes do excesso de umidade por falha ou ausência do sistema de
impermeabilização;

 Explicativa, visando obter dados através do estudo dos casos, da razão dos
problemas ocorridos, e dos métodos de recuperação que podem ser empregados.

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Metodologia da pesquisa
Para analise in loco foram escolhidas aleatoriamente 5 (cinco) residências
unifamiliares, de pavimento único, com problemas patológicos similares, resultantes
do excesso de umidade no local e após analise, serão verificadas as causas
desses problemas. As casas são de área igual ou inferior a 120,00m² e idade
superior a 3 anos, onde as patologias causadas por infiltrações se tornam visíveis.

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Resultados e discussões
Assim, após visitadas as residências e identificadas as patologias presentes, serão
aqui apresentados os problemas patológicos e suas intervenções.

Fissuras:
Figura 3: Fissuração provocada por umidade.

Fonte: Acervo próprio (2015).


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Resultados e discussões

Intervenções para a patologia identificada:


Segundo Júnior (1997), quando se trata da recuperação é sempre recomendável
considerar as fissuras como ativas, pois mesmo após corrigidas as causas que lhe
originaram, ainda podem ocorrer variações em sua abertura em função das
variações térmicas e higroscópicas da alvenaria e do próprio revestimento.

Uma alternativa para conferir maior capacidade de deformação seria com a adição
de polímeros ou fibras às argamassas utilizadas, ou utilizar uma argamassa flexível
própria de recuperação.

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Resultados e discussões

Intervenções para a patologia identificada:


Thomaz (1989) indica também o uso da tela metálica, para auxiliar a argamassa e
lembra que apesar das origens das fissuras serem diversas, geralmente elas são
recuperadas do mesmo modo, que inclui:

 Abertura das mesmas

 Verificação de vazamentos em tubulações hidráulicas próximo ao local.

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Resultados e discussões

Mofo
Também foi possível perceber a existência de mofo, que se prolifera com facilidade
em paredes expostas à umidade, e que geralmente não tem contato com a luz.
Essa umidade pode ser proveniente do excesso da mesma no ar devido ao clima, a
erros construtivos ou à umidade interna da parede, adquirida pela capilaridade, por
erro ou falta de impermeabilização.

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Resultados e discussões

Mofo
Figura 4: Presença de mofo em parede interna.

Fonte: Acervo próprio (2015).


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Resultados e discussões

Intervenções para a patologia identificada:


Em casos mais graves, segundo Letícia (2009) para se retirar o mofo das paredes,
antes devem ser verificados vazamentos ou infiltrações. Se não houver, deve ser
retirada a camada de pintura e passado um produto selador. Após a secagem, deve
ser refeita a pintura. Já em casos mais leves, a área com mofo deve ser limpa com
produtos desinfetantes, que evitem a proliferação destes fungos novamente no
local.

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Resultados e discussões

Problemas gerais na pintura


Além de fissuras e mofo, notou-se também o surgimento de bolhas, manchas e
descascamento nas pinturas de algumas paredes. Esses problemas podem surgir
por vários motivos, como a má aplicação da tinta, o tempo de espera de secagem
do reboco e o excesso de umidade. Segundo Valle (2008) dentre esses problemas,
os únicos que geralmente não aparecem logo após a aplicação da tinta são os
causados pela umidade.

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Resultados e discussões

Problemas gerais na pintura


Figura 5: Manchas e bolhas em parede interna.

Fonte: Acervo próprio (2015).


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Resultados e discussões

Intervenções para a patologia identificada:


A correção dos locais com bolhas deve ser realizada da seguinte maneira, segundo
Letícia (2009):

Deve-se remover todas as bolhas ou manchas, partes soltas e mal aderidas com
uso de espátula, escova de aço e lixa. Em seguida aplica-se um fundo preparador
para paredes à base de água, e após sua secagem, deve-se nivelar a superfície
com massa acrílica (áreas externas ou molháveis) ou massa corrida (áreas secas)
e refazer a pintura. Para o caso de comprometimento de reboco, a mesma autora a
firma que o mesmo deve ser refeito e impermeabilizado.

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Resultados e discussões

Corrosão das armaduras


Para Bauer (1994), a corrosão é transformação não intenciona de um metal, a partir
de suas superfícies expostas, em compostos não aderentes, solúveis ou
despersíveis no ambiente em que o metal se encontra. Esse problema também foi
identificado nas residências visitadas. Sendo a armadura componente fundamental
da estrutura, torna a corrosão um problema patológico grave.

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Resultados e discussões

Sintomas apresentados pela corrosão das armaduras


de acordo com Gentil (2003):

Fissuras

Disgregações

Desagregação

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Resultados e discussões

Diagnósticos de corrosão das armaduras


Segundo Bauer (2005), podem ser realizados da seguinte forma:

 Verificar se o posicionamento das fissuras coincide com os posicionamentos das


barras de aço;

 Retirar um pedaço de concreto descobrindo a armadura;

 E por fim, constatar se a mesma apresenta-se oxidada.

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Resultados e discussões

Corrosão das armaduras


Figura 6: Disgregação do concreto por causa da corrosão das armaduras em
residência visitada na região do semi árido.

Fonte: Acervo próprio (2015).


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Resultados e discussões

Corrosão das armaduras


Figura 7: Desagregação do concreto por causa da corrosão das armaduras em
residência visitada na região do semi árido.

Fonte: Acervo próprio (2015).


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Resultados e discussões
Métodos de controle de corrosão das armaduras
Além de uma impermeabilização bem executada e medidas relacionadas ao projeto e
execução, existem segundo Botelho (2008) métodos específicos para reduzir ou inibir a
corrosão das armaduras, entre as quais se podem enumerar:

 métodos eletroquímicos (proteção catódica e anódica);

 Isolamento da armadura do eletrólito pelo uso de revestimentos

 Orgânicos inertes (tintas) ou de revestimentos com metais mais nobres (galvanização);

 inibição da reação catódica e/ou da reação anódica por meio de agentes (chamados
inibidores) que reagem com os produtos da corrosão e formam camadas impermeáveis
nas superfícies dos eletrodos.
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Conclusão
 Com a realização deste trabalho foi possível observar algumas das inúmeras
patologias que a falta ou falha na impermeabilização pode causar nas residências e
o quanto isso é prejudicial à construção e até à saúde dos moradores.

 As falhas relacionadas à impermeabilização, são geralmente causados por falta de


especialização de mão-de-obra, que juntamente com a falta de um projeto
específico, torna o processo ineficiente.

 Portanto, se tratando de impermeabilização em residências unifamiliares, nota-se


que os problemas surgem já na teoria e se prolongam na prática, tanto com os
profissionais especializados responsáveis pela obra quanto com a mão-de-obra.
Obrigado a todos!
Referências
PICCHI, F.A. Impermeabilização de coberturas. São Paulo: Editora Pini, 1986. 220p.

SIKA - http://www.sika.com.br (Acessado em 24/11/2014).

MORAES, Claudio Roberto Klein. Impermeabilização em lajes de cobertura: levantamento dos


principais fatores envolvidos na ocorrência de problemas na cidade de Porto Alegre. 2002.
123 f. Dissertação (mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Ufrs, Porto Alegre - RS, 2002.

POZZOLI. Impermeabilização - Relatório Especial: as primeiras obras de impermeabilização.


Informe Técnico, O Empreiteiro, ago. 1991, p.37-38.

ABNT NBR 9575: Seleção e projeto de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2003.

RIGHI, Geovane. V. Estudo dos Sistemas de Impermeabilização: Patologias, Prevenções e


Correções – Análise de Casos. 2009. 94 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de
Santa Catarina, Santa Maria, 2009.
LETÍCIA, Júnia. Eliminação de mofo. Guia da obra. Minas Gerais, ago. 2009. Disponível em:
<http://www.guiadaobra.net/forum/decoracao/eliminacao-mofo t359.html>. Acesso em: 02 nov. 2014.

JÚNIOR, Alberto C. L. Sistemas de recuperação de fissuras da alvenaria de vedação: avaliação


da capacidade de deformação. São Paulo, 1997. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.

THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini, EPUSP,
IPT, 1989.

VALLE, Juliana B S. Patologia das alvenarias. 2008. 72f. Monografia – Escola de Engenharia da
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

STORTE, Marcos. Manifestações Patológicas na Impermeabilização de Estruturas de Concreto


em Saneamento. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura, São Paulo, 18 nov. 2011.
Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=20&Cod=703>. Acesso em:
23 dez. 2014.
SILVA, D.O.; OLIVEIRA, P.S.F. Impermeabilização com mantas de PVC. Téchne, São Paulo, n. 111,
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GENTIL Vicente. Corrosão. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2003.

LERSCH, Inês M. Contribuição Para a Identificação dos Principais Fatores de degradação em


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