You are on page 1of 42

Universidade Federal de Sergipe

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas


Departamento de Ciência da Informação
Curso de Biblioteconomia e Documentação

Reflexões sobre a Segunda Unidade da Disciplina de Políticas de Informação:

Políticas Públicas
Disciplina: Políticas de Informação
Docente: Dra. Niliane Aguiar
Discentes: Ádson de Lima Silva, Michele Lopes Soares, Vanuci Freitas
O que é política?
• Tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, aos
negócios públicos. A filosofia política é assim a análise filosófica da
relação entre os cidadãos e a sociedade. as formas de poder e as condições
em que este se exerce, os sistemas de governo, e a natureza, a validade e a
justificação das decisões políticas.
• Segundo Aristóteles, o homem é um animal político. que se define por sua
vida na sociedade organizada politicamente. Em sua concepção e na
tradição clássica em geral, a política como ciência pertence ao domínio do
conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios
da justiça e do bom governo e examinando as condições sob as quais o
homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua
existência coletiva.
(JAPIASSÚ E MARCONDES, 2001)
[...] política pública como o campo do conhecimento que busca, ao
mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação
(variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no
rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de
políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos
democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em
programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo
real.
(SOUZA, 2006)
Fundadores das Políticas Públicas
(SOUZA, 2006)

• Laswell (1936) introduz a expressão policy analysis (análise de política


pública), ainda nos anos 30, como forma de conciliar conhecimento
científico/acadêmico com a produção empírica dos governos e
também como forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais,
grupos de interesse e governo.
• Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos
decisores públicos (policy makers), argumentando, todavia, que a
limitação da racionalidade poderia ser minimizada pelo conhecimento
racional. Para Simon, a racionalidade dos decisores públicos é sempre
limitada por problemas tais como informação incompleta ou
imperfeita, tempo para a tomada de decisão, auto-interesse dos
decisores, etc., mas a racionalidade, segundo Simon, pode ser
maximizada até um ponto satisfatório pela criação de estruturas
(conjunto de regras e incentivos) que enquadre o comportamento
dos atores e modele esse comportamento na direção de resultados
desejados, impedindo, inclusive, a busca de maximização de
interesses próprios.
• Lindblom (1959; 1979) questionou a ênfase no racionalismo de
Laswell e Simon e propôs a incorporação de outras variáveis à
formulação e à análise de políticas públicas, tais como as relações de
poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório o
que não teria necessariamente um fim ou um princípio. Daí por que
as políticas públicas precisariam incorporar outros elementos à sua
formulação e à sua análise além das questões de racionalidade, tais
como o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e dos grupos
de interesse.
• Easton (1965) contribuiu para a área ao definir a política pública como
um sistema, ou seja, como uma relação entre formulação, resultados
e o ambiente. Segundo Easton, políticas públicas recebem inputs dos
partidos, da mídia e dos grupos de interesse, que influenciam seus
resultados e efeitos.
Política Pública no Brasil
• De acordo com Melo (1998), a construção histórica da agenda de
políticas públicas no Brasil pode ser identificada e dividida em etapas.
• A análise de políticas públicas experimentou um boom na década de
1980, impulsionada pela transição democrática. São três os motivos
da expansão (Melo, 1999): Em primeiro lugar, pelo deslocamento na
agenda pública. Durante os anos 1970, a agenda pública se
estruturou em torno de questões relativas ao modelo brasileiro de
desenvolvimento, onde a discussão limitava-se aos impactos
redistributivos da ação governamental e ao tipo de racionalidade que
conduzia o projeto de modernização conservadora do regime
ditatorial.
• Em segundo lugar, não obstante o fim do período autoritário,
constatou-se que os obstáculos à consecução de políticas sociais
efetivas continuaram existindo, o que serviu para fortalecer os
estudos sobre políticas. A perplexidade e o desencantamento em
relação ao Estado levaram a um maior interesse sobre as condições
de efetividade da ação pública.
• Em terceiro lugar, a difusão internacional da ideia de reforma do
Estado e do aparelho de Estado passou a ser o princípio organizador
da agenda pública dos anos 1980-90, o que provocou uma
proliferação de estudos de políticas públicas.
ATORES DA POLÍTICA PÚBLICA
Para Rua (1997), os atores políticos são os seguintes:

políticos
públicos
Atores burocratas
privados
trabalhadores

servidores
Atores
públicos

mídia
Tipos de Políticas Públicas
• As tipologias de políticas públicas são formas de classificar os atores,
estilos e instituições dentro de um processo de políticas públicas.
Uma tipologia é um esquema de interpretação e análise de um fenômeno
baseado em variáveis e categorias analíticas. Uma variável é um aspecto
discernível de um objeto de estudo que varia em qualidade ou quantidade.
Uma categoria analítica é um subconjunto de um sistema classificatório
usado para identificar as variações em quantidade ou qualidade de uma
variável (SECCHI, 2012, p. 16).
• Eis um modelo de classificação proposto por Theodor Lowi (apud
SOUZA, 2006, p. 28; SECCHI, 2012, p. 17-18):
1) Definição da agenda
Para Brancaleon et al.(2015), a definição da agenda:
“diz respeito ao processo pelo qual os governos decidem quais
questões precisam de sua atenção. Ela enfoca, entre outras coisas, a
determinação e definição do que constitui o “problema”, que ações de
política pública subsequentes são destinadas a resolver.
A definição de agenda implica determinado governo reconhecer
que um problema é uma questão “pública” digna de sua atenção.
Ela foca nos processos iniciais de identificação de problemas, na
iniciação de políticas e no modo como esses processos afetam as
atividades de criação de políticas públicas posteriores de
responsabilidade dos governos. (BRANCALEON, 2015, p.3)
A viabilização de projetos depende de alguns fatores:
•Estudo do cenário local e suas necessidades
•Avaliação do custo-benefício
•Recursos disponíveis
•A urgência que o problema pode tomar por uma provável
mobilização social
•Necessidade política
2) Formulação de políticas públicas
Segundo Brancaleon et al.(2015), A formulação de
políticas públicas se refere ao processo de gerar
um conjunto de escolhas de políticas plausíveis
para resolver problemas.
Passos para formulação de políticas públicas

• A transformação de estatísticas em dados importantes para


a solução dos problemas;
• Identificação dos principais atores envolvidos e a avaliação
das preferências dos mesmos;
• Ação com base nas informações adquiridas.
Instrumentos de políticas públicas
As ferramentas de políticas públicas, também conhecidas como
instrumentos de políticas ou instrumentos de governo, são os meios ou
dispositivos que os governos de fato usam para implementar políticas.
Dividem-se em duas categorias principais, dependendo do grau de recursos
privados ou da autoridade pública que contam para sua eficácia.
a) Instrumentos privados: envolvem pouca ou nenhuma atividade (ou
participação) direta do governo, com base na crença de que uma solução
é/ou será fornecida, de forma mais eficiente e/ou efetiva, por atores
privados apenas.
b) Instrumentos públicos: são apoiados pela soberania do Estado e/ou
informações que residem dentro dos governos e são direcionados pelos
formuladores de políticas públicas para certos tipos de atividades, ligadas
à resolução esperada dos problemas de políticas.
3) Tomada de decisão
“A tomada de decisão é a função de política pública em
que se decide por uma ação (ou não ação) para tratar
de um problema, muitas vezes levando em conta uma
série de considerações e análises políticas e técnicas”
(BRANCALEON et al., 2015, p. 05).
“Não-decisão significa que determinadas temáticas que
ameaçam fortes interesses, ou que contrariam os código
de valores de uma sociedade (e, da mesma forma,
ameaçam interesses) encontram obstáculos diversos e de
variada intensidade à sua transformação de um estado de
coisas em um problema político - e, portanto, à sua
inclusão na agenda governamental” (RUA, 1997, p. 06).
Modelos de Tomada de Decisão
• Para Brancaleon et al.(2015), os modelos de tomada de decisão são os
seguintes:
Modelo incremental -analisa a tomada de decisão pública como um
processo com restrição de tempo e informação, caracterizado por
conflitos, negociações e compromisso entre os tomadores de decisão com
interesses próprios
Modelo racional - é construído sobre o pressuposto de que as
consequências de cada opção de política pública alternativa podem ser
conhecidas com antecedência
Modelo garbage can ou da lata de lixo - se aplica quando há um grande
número de tomadores de decisão e uma grande dose de incerteza sobre as
causas dos problemas e suas soluções.
4) Implementação das políticas públicas
•“A implementação pode ser compreendida como o conjunto de ações realizadas
por grupos ou indivíduos de natureza pública ou privada, as quais são
direcionadas para a consecução de objetivos estabelecidos mediante decisões
anteriores quanto a políticas.” (RUA, 1997, p. 14).
• Segundo Rua (1997), existem pré-condições necessárias para que haja uma
implementação perfeita:
1) As circunstâncias externas à agência implementadora não devem impor
restrições que a desvirtuem;

2) O programa deve dispor de tempo e recursos suficientes;

3) Não apenas não deve haver restrições em termos de recursos globais, mas
também, em cada estágio da implementação, a combinação necessária de
recursos deve estar efetivamente disponível;
4) A política a ser implementada deve ser baseada numa teoria adequada sobre a relação
entre a causa (de um problema) e o efeito (de uma solução que está sendo proposta);
5) Esta relação entre causa e efeito deve ser direta e, se houver fatores intervenientes, estes
devem ser mínimos;
6) Deve haver uma só agência implementadora, que não depende de outras agências para ter
sucesso; se outras agências estiverem envolvidas, a relação de dependência deverá
ser mínima em número e em importância;
7) Deve haver completa compreensão e consenso quanto aos objetivos a serem atingidos e
esta condição deve permanecer durante todo o processo de implementação;
8) Ao avançar em direção aos objetivos acordados, deve ser possível especificar, com
detalhes completos e em sequência perfeita, as tarefas a serem realizadas por cada
participante;
9) É necessário que haja perfeita comunicação e coordenação entre os vários elementos
envolvidos no programa;
10) Os atores que exercem posições de comando devem ser capazes de obter efetiva
obediência dos seus comandados.
Para Lima e D’Ascenzi (2013), existem quatro variáveis que influenciam o
êxito do processo de implementação:

1 – Natureza do problema alvo da política;


2 – São as normativas e referem-se ao grau em que o plano estrutura a
implementação;
3 – Variáveis contextuais;
4 – Organização do aparato administrativo.
5) Avaliação
• Para Garcia (2001) avaliação é uma operação na qual é julgado o valor
de uma iniciativa organizacional, a partir de um quadro referencial ou
padrão comparativo previamente definido. Pode ser considerada,
também, como a operação de constatar a presença ou a quantidade
de um valor desejado nos resultados de uma ação empreendida para
obtê-lo, tendo como base um quadro referencial ou critérios de
aceitabilidade pretendidos.
• O Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE assinala que o
propósito da avaliação é determinar a pertinência e alcance dos
objetivos, a eficiência, efetividade, impacto e sustentabilidade do
desenvolvimento. A avaliação deve proporcionar informação que seja
crível e útil para permitir a incorporação da experiência adquirida no
processo de tomada de decisão. A avaliação deve ser vista como um
mecanismo de melhoria no processo de tomada de decisão, a fim de
garantir melhores informações, sobre as quais eles possam
fundamentar suas decisões e melhor prestar contas sobre as políticas
públicas (ALA-HARJA E HELGASON, 2000).
• As avaliações podem ser um “problema” para os governantes,
executores e gerentes de projetos porque os resultados podem
causar constrangimentos públicos. As informações e resultados das
avaliações podem ser usados pelo público e pela imprensa para
criticar os governos, da mesma forma que, em caso de “boas
notícias”, os governos podem usá-las para legitimar as próprias
políticas, como ganho político etc.
• A avaliação antes (ex ante) sempre foi muito estimulada e induzida
nos programas financiados pelos organismos multilaterais de
financiamento, especialmente aqueles voltados à infraestrutura
econômica e ao desenvolvimento urbano. Essas avaliações consistem
em análises de custo-benefício, de custo-efetividade, das taxas de
retorno econômico dos investimentos previstos (LOBO, 1998).
• A avaliação intermediária, também chamada de formativa, é
conduzida durante a implementação de um programa como meio de
se adquirir mais conhecimento quanto a um processo de
aprendizagem para o qual se deseja contribuir. O objetivo é dar
suporte e melhorar a gestão, a implementação e o desenvolvimento
do programa. A ênfase é dada à aplicabilidade direta dos resultados
(ALA-HARJA E HELGASON, 2000).
• As avaliações posteriores à implementação do programa são
chamadas ex post ou somativas, e visam trabalhar com impactos e
processos, portanto, estuda-se a eficácia e o julgamento do valor
geral do programa. A objetividade e a credibilidade dos achados são
mais importantes que a aplicabilidade direta dos resultados (LOBO,
1998; ALA-HARJA E HELGASON, 2000).
• No que diz respeito à posição do avaliador ante o objeto avaliado,
Arretche (1998) defende que, porque destinadas a exercer controle
sobre as intervenções públicas, seja dos cidadãos sobre o governo,
seja do governo sobre si mesmo, as avaliações precisam ser
conduzidas por órgãos independentes. O ponto em questão é a
neutralidade da avaliação. Para a autora, é muito difícil que avaliações
realizadas pelas próprias equipes governamentais encarregadas da
execução de uma dada política sejam críveis e isentas (embora a
neutralidade absoluta seja impossível).
• Uma postura mais abrangente sobre a metodologia de avaliação de
políticas públicas é exposta por Costa e Castanhar (2003). Os autores
partem do pressuposto que se avaliação é uma forma de mensuração,
de julgamento de valor, é preciso estabelecer, antes de tudo, os
critérios de avaliação, e nesse ponto não há consenso sobre aspectos
metodológicos e conceituais. O que existe é um autêntico
“emaranhado conceitual”.
• A lista de critérios é longa e a escolha de um, ou vários deles,
depende do que se deseja privilegiar na avaliação. Com fulcro no
manual da Unicef, Costa e Castanhar (2003) listam os mais comuns:
eficiência, eficácia, impacto (efetividade), sustentabilidade, análise
custo-efetividade, satisfação do usuário, eqüidade.
Referências
• ALA-HARJA, Marjukka; HELGASON, Sigurdur. Em direção às melhores práticas de avaliação. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 51, n. 4, p. 5-59,
out./dez. 2000.
• ARRETCHE, Marta. Dossiê agenda de pesquisa em políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 7-9, fev. 2003.
• BRANCALEON, Brigita Batista et al. Políticas públicas: conceitos básicos. Disponível em:
file:///C:/Users/Michele/Downloads/MaterialDidatico_EAD%2017%2004%202015.pdf
• COSTA, Frederico Lustosa da; CASTANHAR, José Cezar. Avaliação de programas públicos: desafios conceituais e metodológicos. Revista de
Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 37, n. 5, p. 962-969, set./out. 2003.
• GARCIA, Ronaldo Coutinho. Subsídios para organizar avaliações da ação governamental. Planejamento e Políticas Públicas, Brasília, n. 23, p. 7-70,
jan./jun. 2001.
• JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.
• LIMA, Luciana Leite; D’Ascenzi Luciano. Implementação de políticas públicas: perspectivas analíticas. Revista de sociologia e política v. 21, nº 48: 101-
110 DEZ. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v21n48/a06v21n48.pdf
• LOBO, Thereza. Avaliação de processos e impactos em programas sociais: algumas questões para reflexão. In: RICO, Elizabeth Melo (Org.). Avaliação de
políticas sociais: uma questão em debate. São Paulo: Cortez, 1998.
• MELO, Marcus André. As sete vidas da agenda pública brasileira. In: RICO, Elizabeth Melo (Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em
debate. São Paulo: Cortez, 1998.
• MELO, Marcus André. Estado, governo e políticas públicas. In: MICELI, Sérgio (Org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo:
Sumaré, 1999. v. 3, p. 59-100.
• MUZZI, Débora. Tipologia de políticas públicas: uma proposta de extensão do Modelo de Lowi. Disponível em: https://bit.ly/2tnjL9N
• RUA, Maria das Graças. Análise de políticas públicas: conceitos básicos. Disponível em: https://bit.ly/2G7dw1o
Pela atenção,
Obrigado!

You might also like