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Princípios de Reeducação Funcional Motora à

pessoa com Lesão Vertebro Medular


Maria João Inácio 10/03/10 1
Princípios de Reeducação Funcional Motora à pessoa com Lesão Vertebro Medular

OBJECTIVO GERAL:
Identificar os princípios de Reeducação Funcional Motora aplicados à pessoa
com Lesão Vertebro Medular.

OBJECTIVOS ESPECIFICOS:
Descrever a anatomia e função da coluna vertebral.
Descrever a etiologia e demografia do Traumatismo Vertebro Medular.
Descrever as expectativas funcionais dos indivíduos com lesão medular
completa.
Descrever as principais intervenções de enfermagem ao nível da mobilidade
passíveis de prestar a doentes com Lesão Vertebro Medular.
Reflectir sobre os cuidados prestados á pessoa com Lesão Medular.

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ANATOMIA E FUNÇÃO DA COLUNA CERVICAL

26 OSSOS(33vert)
7 - V. CERVICAIS
12 –V. TORACICAS
5 –V. LOMBARES
1– SACRO (5)
1- COCCIGEA(4)

 Sustento de ossos do crânio, costelas,


vísceras, bacia.
 Protecção da medula espinhal,
raízes de nervos espinhais,
meninges.
 Inserção muscular.
 Permite o movimento.

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ANATOMIA E FUNÇÃO DA MEDULA ESPINHAL
MEDULA ESPINHAL (cordão 40/45cm)

Parte inferior do SNC


 Transmissora de impulsos e mensagens
entre o encéfalo e o Sistema Nervoso
Periférico (31 nervos – 8C, 12T, 5L, 5S, 1C).

 Centro de controle de funções (postura,


respiração, térmica, esfíncteres,
sexualidade).

 Qualquer lesão/ interrupção


resulta em INCAPACIDADE
FUNCIONAL nos segmentos
abaixo do nível da lesão.
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ETIOLOGIA E DEMOGRAFIA DAS LESÕES

TRAUMATICAS – Acidentes de Viação (39%),


de Trabalho, Prática desportiva, Quedas (idosos).


Sexo Masculino e Jovens adultos (<40anos).

MÉDICAS – Neoplasias, Infecciosas, Vasculares,


Degenerativas.

Indivíduos mais velhos.
MECANISMO DA LESÃO
Compressão.
Tracção.
A LM ocorre em cerca de 15 a 20% das fracturas Ruptura de tecidos.
da coluna vertebral, sendo as vértebras mais
envolvidas de C5 a C7 e de T12 a L1.

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AVALIAÇÃO DA PESSOA/LESÃO
• Exame físico completo inclui exame radiológico (TAC, RM).
• Avaliação neurológica.
• Recolha de todas as informações sobre a vítima e circunstâncias do acidente.

a) História – mecanismo da lesão, perda de consciência, dormência ou formigueiros,


diminuição ou ausência de força nos membros;
b) Avaliação da coluna, equimoses, deformidades, alterações da sensibilidade, dor;
c) Avaliação do nível sensitivo para determinar o nível da LM (picada com agulha);
d) Avaliação do nível motor (avaliação do movimento e da força nos quatro membros e
do esfíncter anal);
e) Avaliação dos reflexos (de distensão abdominal, cutâneos, bulbocavernoso
e anal.

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LOCALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES

Lesões Cervicais determinam TETRAPLEGIA (tronco e 4 membros).

Lesões Dorsais, Lombares, Sagradas: PARAPLEGIA (porção inferior do tronco).

COMPLETAS – Ausência de função motora e sensitiva.

INCOMPLETAS – Ausência de função motora/Parcial.

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LESÕES COMPLETAS E INCOMPLETAS

American Spinal Injury


Association
ASIA
Avaliação do nível Motor.
Avaliação do nível Sensitivo.

ESCALA DE 5 NÍVEIS de gravidade


decrescente.
A- Completa (S4/S5).
B- Incompleta – tem Sensibilidade.
C e D- Incompleta parcial Sens./ Motora.
E- Função Motora e Sensitiva normal.
(Inclui Síndromes)

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Mapa dos Dermátomas: as letras e os nº representam nervos.
LESÕES INCOMPLETAS
DORSAL

S. Centro-Medular S. Cordão Anterior

VENTRAL S. Brown-Sequard S. Cordão Posterior

S. Cone ou Cauda Equina


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EXPECTATIVAS FUNCIONAIS DOS INDIVÍDUOS COM
LESÃO MEDULAR COMPLETA

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EXPECTATIVAS FUNCIONAIS DOS INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR COMPLETA
PRINCIPAIS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM AO NÍVEL DA MOBILIDADE PASSÍVEIS
DE PRESTAR A DOENTES COM LESÃO VERTEBRO MEDULAR

A actividade física é indispensável para o funcionamento normal do corpo Humano.

MOBILIDADE – “Mobilidade é um tipo de actividade motora com características


especificas: movimento voluntario e psicomotor do corpo, incluindo a coordenação dos
mov. musculares e articulares, bem como o desempenho do equilíbrio, o
posicionamento corporal e a deambulação (CIPE,1999)”.

A Imobilidade conduz a redução da actividade muscular com redução da capacidade


funcional do Sistema Músculo-esquelético.

MÚSCULOS ATROFIA

IMOBILIDADE ARTICULAÇÕES RIGIDEZ

OSSOS OSTEOPOROSE

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POSICIONAMENTOS / MOBILIZAÇÕES

Princípios de mecânica corporal:


• Usar base de trabalho ao nível da anca.
• Usar base alargada.
• Usar alavancas naturais.
• Carga mais perto do corpo.
• Superfícies de deslizamento.
• Usar o grau de inclinação ao mover.

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PRINCIPIOS DOS POSICIONAMENTOS

 Peso Corporal repartido por toda superfície da cama.

 Alinhamento corporal e todos segmentos em posição funcional.

 Superfícies redutoras de pressão.

 Alternâncias de 2/3 horas.

 Observação da pele e proeminências

 Realizadas dentro das potencialidades da pessoa.

 Roupa sem rugas, humidade, objectos.


POSIÇÃO RELAXAMENTO

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POSICIONAMENTOS /ALTERNANCIA DE DECUBITOS

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MOBILIZAÇÕES

Objectivos:
• Manter a funcionalidade.
• Restaurar ou Manter a mobilidade articular, circulação,
sensibilidade.
• Prevenir contracturas musculo - articulares.
• Promover o conforto e Bem-estar.
• Preservar a noção de movimento e propriocepção.

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MOBILIZAÇÕES

Princípios gerais:
• Explicar procedimentos e pedir colaboração.
• Posição de relaxamento.
• Executar movimentos suaves (5 a 10vezes).
• Mobilizar do próximal para o distal.
• Imobilizar articulações adjacentes.
• Respeitar o limiar de dor e amplitude articular máxima.

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MOBILIZAÇÕES

PASSIVAS
ACTIVAS ASSISTIDAS
ACTIVAS

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

Membro Superior – Rotação Interna / Externa

• Colocar o membro superior a mobilizar em


abdução a 90º, flexão do cotovelo a 90º, braço
apoiado no leito e palma da mão virada para o
corpo.

• Mover o antebraço num eixo vertical no


sentido superior (rotação externa) e inferior
(rotação interna).

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior
Polegar - Adução /Abdução
• Colocar o membro superior a mobilizar ao
longo do corpo em ligeira abdução.

• Mover o polegar lateralmente no sentido do


segundo dedo, realizando a adução.

• Mover o polegar lateralmente, afastando-o da


linha média da mão, realizando a abdução.

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MOBILIZAÇÕES – Membro Superior

Polegar – Oponência
• Imobilizar do segundo ao 5º dedo da pessoa,
com a mão esquerda.
• Segurar o polegar pela falange distal, com a
mão direita.
• Mover em direcção ao 5º dedo, flectindo o
dedo sob a mão, num movimento de
semicírculo e tocando alternadamente com o
polegar na raiz de cada dedo.

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior
Coxofemoral – Flexão / Extensão

• Colocar o membro inferior a mobilizar em ligeira abdução,


apoiado no leito.

• Elevar o membro inferior, flectindo o joelho.


• Rodar simultaneamente a mão, apoiando a face externa do
joelho, evitando a rotação externa da coxa.
• Mover o membro inferior na direcção do tronco,
realizando a flexão da coxofemoral aproximadamente 90º a
110º.

• A flexão da coxofemoral não deve ultrapassar os 90º, se


fractura é recente.
• Alternar com o movimento anterior.

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior
Coxofemoral – Rotação Interna /Externa
• Colocar o membro inferior a mobilizar em ligeira
abdução, apoiado no leito.
• Colocar uma mão no terço inferior da coxa e a outra no
terço inferior da perna da pessoa a mobilizar.
• Rodar o membro inferior na direcção da linha média,
realizando a rotação interna.

•No membro espástico, flectir a coxofemoral e joelho a


90º.
• Colocar o antebraço sob a perna da pessoa a mobilizar,
imobilizando a articulação do joelho com as duas mãos.
• Rodar em direcção da linha média, realizando a rotação
externa.
• Rodar afastando da linha média, realizando a rotação
interna.
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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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MOBILIZAÇÕES – Membro Inferior

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EXERCICIOS NO LEITO

Permitem colaborar na deslocação


na cama (alternância de decúbitos).

Preparar para realizar outras


actividades.

Ex: Rolar, Ponte, automobilizações.

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PLANO INCLINADO

Actividade terapêutica de adaptação ao


ortostátismo.

Prancha ortostática com apoio de pés, com


ângulos graduais de elevação vertical 5/10º
- 5/20min até aos 80º.

• Manter alinhamento corporal ao transferir.


• Calçar meias elásticas.
• Imobilizar com ajuste de faixas de
segurança.
• Monitorizar a tensão arterial.

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EXERCICIOS NA CADEIRA RODAS

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TREINO EQUILIBRIO

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TRANSFERENCIAS

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TREINO MARCHA

D10 com ou sem ortodeses.

Piso irregular.

Subir e descer escadas.

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REFLECTIR SOBRE OS CUIDADOS PRESTADOS Á
PESSOA COM LESÃO MEDULAR.

BEM-ESTAR AUTONOMIA QUALIDADE DE VIDA

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BIBLIOGRAFIA
HARVY, Lisa (2008) - Management of Spinal Cord Injuries a guide for physiotherapist,
Elsevier, Toronto.
UMPHRED, Darcy (2004) - Reabilitação Neurológica, 4 edição, Manole, São Paulo.
Ordem dos Enfermeiros (2009) - Guia de boa prática de cuidados de enfermagem à pessoa com
Traumatismo Vertebro-Medulares., Cadernos Ordem dos Enfermeiros, serie1 nº2.
 Aulas de Luís Sousa, Enfermagem de Reabilitação 1, 18-01-2010.
HOEMAN, Shirley P. (2000) – Enfermagem de Reabilitação, 2ºEdiçao, Loures.
 KOTTE, F. [e al],(1986) - Krusen , Tratado de Medicina Física e Reabilitação, 3 ed.,Brasil.
 Aulas de Enfermagem de Reabilitação1 ministradas por Luís Sousa em 18/1/2010 na UATLA.
 www.asia-spinalcord.org
 www.spinalcordinjury.net
 www.Portalsaofrancisco.com.br
 www.medicinaneet.com.br/imagens
 www.ncbi.nlm.gov.

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OBRIGADO

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